terça-feira, dezembro 22, 2009

Os congelados em Carmões

Gélida manhã de domingo, com o mercúrio do termómetro a congelar (provavelmente...) entre os 1 e os zero graus centígrados durante a maior parte do percurso. A temperatura rigorosa levou a estado de quase hipotermia a alguns dos participantes na volta que teve, em Carmões, o seu ponto... menos frio. O Nuno Garcia foi um dos que mais sofreu. Mas não só, em retemperadora paragem, em Alenquer, para ingestão de bebidas quentes, também as queixas quase chorosas do Carlos Cunha sobre os dedos que não... sentia. Houve também os «apanhados» do frio: todos os que pretendiam, com os músculos do rosto congelados, articular mais de duas palavras em cima da bicicleta. Balbuciavam palavras enroladas, que se deram a algumas gargalhadas!
Quando o pelotão saiu de Loures, o termómetro do meu Polar marcava inéditos zero graus. Não me recordo de alguma vez ter baixado tanto. Por isso, urgia manter cadência de pedalada elevado, mas não elevar muito o ritmo cardíaco e de respiração.
A subida para o Forte de Alqueidão foi para isso ideal – principalmente da maneira morna (passe o termo) como decorreu. O Freitas tomou as rédeas do grupo até Arranhó, levando-o em ritmo confortável. Só veio a largá-las quando, entre alguns elementos do pelotão, se decidiu iniciar a perseguição a um pequeno grupo de fugitivos que paulatinamente se tinha destacado na Quinta do Paço. Entre estes, o Ricardo da BH, o Capitão, o Jorge e o André. Atrás, foi o Jony que conduziu a perseguição, impondo andamento em crescendo que acabou por estirar o pelotão. Como à frente também se acelerou bem, não houve junção até ao alto – só na neutralização do Sobral, como é hábito.
Todavia, os que pararam fizeram mal. Fomentaram a hipotermia, quando deveriam ter continuado a circular enquanto esperavam, para se manterem aquecidos. Assim, com a descida para Dois Portos a arrefecer ainda mais, não espantou que no início da estrada para Carmões os mais susceptíveis ao frio se apresentassem em claras dificuldades. Entre estes, o Nuno Garcia era o mais sofredor. Mas também o Filipe Arraiolos se mostrava afectado. E nem a subida de intensidade nas rampas de Carmões foram suficientes para os aquecer.
Mas aqueceu-se, e bem. Na curta e pouco inclinada ascensão (1,7 km a 5%) atingiram-se os níveis cardíacos mais elevados da jornada, com final a deixar um cheirinho aos períodos mais avançados de temporada. O Jony mostrou que está forte, mas também as presenças do Jorge e do André entre os primeiros não surpreenderam. O Freitas fez parte do troço ligeiramente destacado, até os principais perseguidores terem passado a um nível acima do andamento que vinham imprimindo. Outro que se mostrou bem, foi o Ricardo da BH, confirmando os bons indicadores das últimas semanas.
Com o final das subidas (tão suaves...), iniciou-se o longo trajecto plano (e descendente) de regresso a Loures. Praticou-se um andamento adequado para a época, proporcionando a que vários elementos passassem pela frente, o que traz sempre motivação adicional. Um dos mais activos na ligação a Alenquer foi o Pina, mas a aproximação à cidade – onde se fez o já referido «coffee break» – coube, em parceria, ao Freitas e ao Jony.
No reatamento, outros experimentaram as sensações de conduzir um pelotão de nível como o nosso. Realce para o Zé «Pai Natal» Henriques, que fez, a muito bom ritmo, grande parte do trajecto até Vila Franca.
À chegada a esta cidade houve o tradicional sprint – ou melhor, desta vez uma longa aceleração... sem explosão final. Já que o Jony fez o «favor» de se destacar logo no início da recta e não deixou sequer que lhe pudessemos agarrar a roda! Muito bom, porque é raríssimo (senão inédito) que alguém consiga isolar-se (sem permissão do pelotão) naquele local em que o pelotão geralmente vem lançado a alta velocidade (embora, não neste caso) e levou o esforço até ao final sem ser aglutinado pelos mais rápidos do pelotão. Mesmo que não surpreendendo pelas qualidades do autor, não deixa de ser mais uma demonstração de boa forma do próprio.

Treino dia 24
Na próxima quinta-feira, dia 24, gostaria de fazer 2 a 3 horinhas (no máximo) a ritmo calmo, a muito calmo, logo se não chover muito. Todos os que já tiverem despachado as compras de Natal, estão convidados a alinhar. Passagem no café Golo, no Tojal, às 8h00. A ideia é sair cedo para chegar também cedo para não beliscar eventuais compromissos familiares, que são tradicionais neste dia. O percurso não é plano (Tojal/Bucelas/Vale de S. Gião/Sapataria/Pêro Negro/Malgas - passagem de nível/Bispeira/Furadouro/Portela do Bispo/Ribaldeira/Dois Portos/Sobral/Bucelas/Tojal), mas a média prevista não deverá ultrapassar os 25 km/h.

1 comentário:

Ricardo Costa disse...

O camarada Carlos Cunha, provavelmente ainda com as pontas dos dedos enregeladas do «friasco» de domingo passado, fez este elucidativo comentário mas acabou, não se sabe porquê, por adicioná-lo a uma crónica anterior (da Ota). Por isso, tomei a liberdade de o «importar» para o seu devido lugar. Ei-lo, a seguir, na primeira pessoa:

Abraço... calorosos!
Ricardo

«De facto tratou-se de uma manhã gélida onde o sofrimento foi muito. Da minha parte foram as extremidades dos dedos que, já no Forte de Alqueidão acusavam a dor associada aos zero graus. Para complicar ainda mais "a coisa" furei já em descida. Como se não bastasse o frio veio ainda a troca muito sofrida de uma câmara. Não julgei conseguir por não sentir os dedos mas lá teve de ser. A ajuda do Garcia foi aqui preciosa. Ao olhar para ele percebi que eu até estava bem!!! Lembro-me das suas palavras: "eu até te ajudava mas
juro-te que não consigo" tal o estado em que estava, e o também estado das suas mãos. Depois da luta com o pneu, câmara e roda partimos novamente já frios. Alenquer foi a "cereja no topo do bolo". Logo à entrada estava o transformador da power-box da tvcabo. Quentinha ajudou-me a aquecer as mãos. IUPIIIIIIII.
Depois da dor gélida na ponta dos dedos, veio a dor óssea ATROZ nos dedos que mais sofreram na mudança do pneu por andarem a bater em raio...... Juro que contive toda a
vontade de gritar que tinha e de facto quase chorava...

Lembro-me ainda dos restantes elementos. Nada bonito mesmo...
Lembro-me ainda melhor da passagem no entroncamento de Alhandra. Não o vou comentar porque algum dia ainda faço o mesmo, mas creio que alguma moderação por vezes se impõe. Já basta os "enlatados" que não mostram qualquer tipo de respeito pelas duas rodas. Não julgo necessário ainda lhes dar um pretexto...»

Carlos Cunha