quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Crónica de Santiago dos Velhos

O terreno passou de planície para as primeiras subidas selectivas pela primeira vez esta temporada, e o desenrolar das voltas mudou claramente. Os períodos de intensidade são mais fortes e curtos, coincidindo com as subidas (pontos quentes preferenciais) e são intercalados por fases de transição bastante moderadas ou mesmo tranquilas, quando se fazem em descida. Por via deste «modus operandi», característico das jornadas acidentadas, os períodos intensos são muito selectivos, evidenciando os mais fortes ou, no caso de se efectuarem em subida, os que têm melhores atributos de trepador. Como tal, as diferenças «cavam-se» e impõem neutralizações a cada final de dito «ponto quente».

A volta de Santiago dos Velhos, no passado domingo, teve vários, todos obrigando a paragem para reagrupamento. Porque, como se adivinha, foram arduamente percorridos. Até ao primeiro, a subida da Freixeira para a Venda do Pinheiro, a toada não foi propriamente um progressivo aquecimento. A entrada, cedo, em subida, por Guerreiros, colocou o pelotão em ritmo de «corta fôlego», com a média a fixar-se em apreciáveis 28 km/h antes de iniciar a descida para Ponte de Lousa, com o principal contributo do Freitas, a entrar em força numa tirada em que se demonstrou especialmente activo.

A sua liderança manteve-se até à entrada na subida da Freixeira (29 km/h), e foi o seu ímpeto que permitiu que o André e o Luís (Carb Boom/Ota) ganhassem alguns metros sobre o grupo, dando o mote a uma ascensão velocíssima, compacta mas árdua, de que resultou, como prova disso, o meu melhor registo de tempo (3.29 m, a 21,4 km/h, menos 10 segundos que o recorde datado de 2008).

O Luís fez uma subida esplêndida, mantendo a vantagem, com o André a descair para o reduzido grupo perseguidor, que conduzi até à aceleração final nos últimos 300 metros. Aí, o Jorge adiantou-se ao André e ao Filipe Arriolos, em cuja roda me mantive.

A ligação em descida para Bucelas foi, como se referiu, de recuperação para o grande pitéu da jornada: a subida de Santiago dos Velhos. Nas primeiras rampas, o Freitas voltou a impor ritmo forte, desta feita em parceria com o Jony e... dinamitaram o pelotão até ao final do primeiro 1 km, que, como se sabe, é rude. Nessa altura, já estava destacado o grupo que liderou a longa ascensão: André, Jorge, Luís, Filipe, eu e o Pedro (Kuota), embora este último não viesse a resistir muito mais, vítima de uma abordagem demasiado optimista às dificuldades que se anteviam, em parte devido ao desconhecimento da subida.

O andamento, muito bom, foi imprimido, à vez, entre o André e o Jorge. Quando um aliviava, o outro substituía-o. Os demais limitavam-se a resistir. E conseguiram-no, pelo menos até à passagem por Adoseiros, quando o André partiu, a solo, sem esticão, e também provocando a dispersão dos perseguidores, pelo esforço agravado com o desgaste de estarmos em fase avançada da subida, que é uma das mais complicadas. Nesta, ganhei ligeiríssima vantagem sobre os restantes, que chegaram ao alto separados por cerca de 50 metros, distância idêntica à que o André conquistou.

O tempo de subida correspondeu ao elevado nível: 20m39s, a 26,2 km/h, menos 1m18s do que o meu anterior melhor!

A cerca de 1m30s chegava o Freitas com o Pedro «castigado» a debater-se com dificuldades para se manter na sua roda. O pelotão subiu mais tranquilamente.

Seguiu-se a ligação de N. Sra. da Ajuda ao Forte de Alqueidão, que esteve longe de ter sido um descanso, como afere a minha pulsação média (166) e, depois, bem mais tranquila descida para o Sobral, Arruda e Cadafais, onde nos aguardava mais uma importante dificuldade: a subida de Santana da Carnota.

A abordagem foi condizente com a ascensão progressiva na cota, com andamento de desgaste imposto, à vez, pelo Alex, Freitas e Lopes (Carb Boom), que se juntara ao grupo algures no Sobral. O grande trabalho pertenceu-lhe, impondo o ritmo (27 km/h) até à entrada nas pendentes mais acentuadas da subida (últimos 3 km), quando o Freitas voltou a chamar a si o comando, acelerando com vigor que seleccionou o grupo. Em apenas um quilómetro, deixou-me somente na companhia do Luís e do abnegado Pedro, que impressionou pela tenacidade e espírito de sacrifício, e a sua grande capacidade, claro!, que são a sua imagem de marca, apenas sucumbindo na aceleração final.

Todavia, o mesmo já não lhe sucedeu na derradeira dificuldade do dia, para o Forte de Alqueidão, batida a vento, onde se manteve incólume no trio.

Finalmente, na descida para Bucelas, realce-se o trabalho maioritário do Jorge; o esforço e disponibilidade do Alex para o primeiro lançamento do sprint, ao que dei seguimento acelerando até aos 55 km/h e abrindo para o Freitas abrir a estrada para a explosão final, sem oposição, do Jony. A sua velocidade, upa, upa! Só mesmo para alguns!

5 comentários:

Anónimo disse...

olá
Mais uma vez parabéns aos participantes, onde segundo eu, lool, o nivel está muito alto e a malta a andar muito. Quanto a mim fiquei bastante desiludido no inicio por não conseguir acompanhar os mais fortes recuperando depois do meio para a frente qualquer coisa.

Abraço Pedro (KUOTA)

Pedro Fernandes disse...

Mais um passeio extraordinário infelizmente fomos poucos, nada que se pareça com o número de 30 ou 40 em algumas voltas, mas um passeio muito agradável. Pena é por vezes nas descidas vertiginosas e nas localidades, não pensarmos que não temos a estrada só para nós --- imaginemos um cão, uma criança a atravessar um estrada e sermos todos projectados (eu já senti esse filme, ehhh).

De referir, a nossa passagem por uma atleta juvenil (12 anos) da Escolinha Alexandre Ruas em pleno treino no trajecto Cadafais - Santa da Carnota com o seu Personal Trainer (nível 3 UCI) o incansável Jorge Ferreira que dá tudo pelos miúdos de forma gratuita.

Companheiros se tiverem alguma criança que se queira divertir a andar de bicicleta os treinos são ao Sábado às 15horas no ring nos Casais da Marmeleira (Carregado), ainda há vagas.

Parabéns Ricardo ao teu excelente texto

Até Domingo

Pedro Fernandes (Carregado)

Anónimo disse...

Boas amigo Ricardo,

só um reparo, não me chamo Luis, mas sim Fábio, ou "Alentejano", como Alentejano é mais conhecido nestas coisas das Bikes!!!

Fábio Vitorino

Ricardo Costa disse...

Mil desculpas, Fábio. Estava com dúvidas, de facto. Sabia que eras mais conhecido por Alentejano (era o que me diziam sempre...) mas «encaixei» que eras Luís, e pronto!

Fica o reparo

Abraço e até domingo

Anónimo disse...

Não tem qualquer mal ;)

um abraço
Alentejano