terça-feira, fevereiro 15, 2011

Crónica (diluviana) da Ericeira

Já não tinha memória de ter enfrentado tão grande intempérie em cima de uma bicicleta! Um dilúvio incessante, vendaval sem dó e temperatura baixa (10º C) a arrefecer o corpo molhado até às entranhas. Resumindo, o apocalipse abateu-se na volta deste domingo, lá para as bandas de Mafra e Ericeira. A borrasca foi tal, que muito poucos resistiram ao cumprimento do percurso na íntegra, abandonando em debandada entre Mafra e Ericeira, em pleno olho do furacão - como definiu o Rocha, um dos estóicos (ou loucos...) que persistiram face à inclemência de S. Pedro.
E a volta até prometia muito, mas que as más condições climatéricas não permitiram - embora, em minha opinião, tenha acabado por ser bem positiva, longe de arrepender. O grupo (mais reduzido que nas últimas semanas: talvez a adivinhar chuva... ou então outra «chuva») arrancou de Loures apinhado de figuras «respeitáveis», a nivelá-lo bem por cima. (nota: à partida, a agradável surpresa da presença do casal Torpes. O Rui, a recuperar da operação ao joelho, e a Maria, a exibir orgulhosa barriguinha, onde ainda não se vislumbra a presença do rebento em gestação).
Alguns visitantes esporádicos, como o Renato Hernandez e o Hugo (Carb Boom), a juntarem-se aos habituais, em crescendo de forma evidenciado nas últimas voltas. No entanto, lamenta-se que, entre estes, se tivessem registado algumas «baixas» relevantes no grupo, cuja presença na estrada se confirmava, embora em paradeiro... incerto.
Logo a partir do Tojal, andamento de respeito, imposto, sem surpresas, pelo Renato. Até Bucelas foram poucos os momentos em que foi possível aliviar os crenques, e a média comprova-o 31 km/h. Confirmava-se que o nível de exigência desta jornada ia ser elevado, bastante selectivo. No meu caso, admito: servia-me os interesses após uma semana de recuperação.
A subida do Freixial ao Vale de S. Gião foi ainda mais intensa, com dificuldade agravada pelo aumento da chuva e do vento. Ainda e sempre o Hernandez, ao seu estilo, a desencorajar todas as intenções dos restantes de, sequer, se assomarem ao seu lado. Como é seu apanágio... Havia quem abanasse a cabeça em sinal reconhecimento da força do ciclista do Infantado.
A selecção foi inevitável e rápida, e após a rampa do Vale de S. Gião já só restavam no primeiro grupo, além do Renato, o Pedro (Kuota), Capela, «Alentejano» (Carb Boom), eu e o Jorge. Quando nos encontrámos com os camaradas do Ciclismo 2640, onde o Rocha, o Sérgio e o Pedrix se destacavam entre um grupo de seis ou sete elementos, o semblante que apresentávamos, denunciava as agruras da subida que estava prestes a terminar.
Na Venda do Pinheiro, a média fixa-se em impressionantes 30 km/h. Mas logo aí, o grupo começou a perder elementos: Hugo e Capela (com este a queixar-se do frio). Também aí se aguardou pelos retardatários, com o Mário em mais dificuldades, a acusar falta de quilómetros.
A passagem pela Malveira e a ligação a Alcainça foi sob chuva intensa, e a partir desta localidade... também o ritmo com a entrada em mais inclinações. Novamente o Renato, agora apenas comigo, com o Jorge, o Pedro (em rápida subida de forma) e o Sérgio (2640) a agarrar-lhe a roda, mas na aceleração final para a rotunda da Carapinheira, colocou a fasquia ainda mais alta, como se não houvesse amanhã. E só o Sérgio o acompanhou.
Todavia, neste ponto, também a locomotiva abdicou, e igualmente devido a sentir frio. Não terá sido alheio o facto de a sua percentagem de massa gorda corporal já dever ser baixíssima nesta altura do ano (que se nota), e a agravar, o facto de não estar devidamente agasalhado (estranha opção por calções). Outros seguiram-no, dando meia-volta de regresso à Malveira.
A partir de Mafra, as condições climatéricas pioraram (como se ainda fosse possível...), chegando ao grau de... tempestade. O Jorge, também ele a tentar prevenir a hipotermia, passou para a frente a caminho da Ericeira, e carregou até poder, mesmo em terreno que lhe é adverso, em falso plano descendente e contra o vento, conduzindo o pelotão que, na passagem pela vila piscatória, ficou reduzido apenas cinco unidades: Jorge, eu, Rocha, Pedro e o Vieira (Trek). Média Mafra-Ericeira: 36 km/h.
Na subida para o Pobral, o Jorge insistiu na liderança, mesmo após tão intenso trabalho, e por isso não espantou que, quando o Pedro mudou de velocidade, tivesse dificuldade em responder. Apenas eu segui a roda deste abnegado batalhador, que certamente voltará em breve ao melhor nível do ano passado; e nos últimos 500 metros, quando baixou o ritmo, rendiu-o na frente, destacando-me algumas dezenas de metros até ao alto. O Jorge, entretanto, recuperar e fazia-lhe companhia. Após o Pobral, tempo para aguardarmos pelo Rocha e o Vieira.
A sempre complicada ligação a Odrinhas e a Terrugem tornou-se ainda mais face à intempérie: vento e chuva sem sinais de alívio. E o Jorge continuava a sacrificar o corpo para lutar com a descida da temperatura corporal. Uma vez em Terrugem, na mudança de direcção para Pêro Pinheiro, finalmente o vento de feição. Com isso, a velocidade média até Negrais subiu (33 km/h), deixando-me, a espaços, com algum receio devido ao piso escorregadio.
Até Sta. Eulália, foi ainda o Jorge quem mais trabalhou, não cedendo a dianteira (um fiel substituto do Renato), mas na descida para Ponte de Lousa (sem o Rocha) faltou-lhe os quilos e força nas pernas já entorpecidas para seguir ao meu ritmo. Reencontrámo-nos, mais tarde, à chegada às bombas de Loures, partilhando depois as incidências da duríssima jornada no regresso à «nossa» Alverca.
Nessa altura, a média da volta fixava-se em apreciáveis 31 km/h. De respeito!!

8 comentários:

Renato Hernandez disse...

Ricardo, a minha sincera homenagem aos "bravos" que fizeram a volta toda, eu apesar de ter imposto um ritmo vivo para ver se aquecia, cheguei à Carapinheira completamente gelado, o melhor que fiz foi mesmo voltar para casa e acabar o treino na bike fixa.

Anónimo disse...

ola ricardo
foi uma excelente volta a deste domingo eu que ate nem gosto nada de pedalar a chuva vinha sozinho a pedalar no algueirao e debaixo de chuva intensa pensei, esta um lindo dia, molhado ate aos ossos mas com forca para chegar a casa este ano estou a fazer menos treinos alternando descanso com treinos porque o ano passado treinava sempre que podia todos os dias e nao melhorava nada estando sempre num estado de fadiga. parabens ao renato a ti e ao jorge e demais companheiros pelo espirito competitivo e desportivismo, quando me passaste na subida da foz do lizandro tentei mas n deu tive de me agarrar ao jorge, com quem disputei o sprint do 3 lugar na rotunda de mafra depois de renato e do jonas acho que empatamos lool
um abraco e ate domingo
pedro (kuota) amadora

sergioventura disse...

boas pessoal do temporal eheh. ricardo nao era o jonas é´o sergio. o jonas tambem e pequeno como eu mas ha uma grande diferenca eu nao me esqueci dos sapatos em casa quando fomos a serra! eheh. abraco a todos sergio ventura

Ricardo Costa disse...

Sérgio, rectificação feita (inclusiva na própria crónica) com mil desculpas pelo lapso. Já agora, impressionaste à chegada à Carapinheira - independentemente do desgaste que poderias ter ou não.

Abraço

Anónimo disse...

E em 18 anos de pedaladas consegui, pela segunda vez na minha vida (em duas semanas seguidas) ter que chamar alguém para me ir buscar...
Já se tinha percebido que estava escasso de força/velocidade na subida para a Malveira em que fiquei pregado ao chão logo na primeira curva à saída de Bucelas.
(Obrigado Ricardo por teres voltado para trás mas eu devia ter virado logo à esquerda e ido para casa)
Quando começou a chover os meus travões nem sequer abrandavam por isso comecei a ganhar distância do pessoal e quando o passo acelerava tinha que dar mais que o litro.
Assim que chegámos à Ericeira fiquei irremediavelmente para trás e com a chuva nem sequer conseguia ver onde é que vocês estavam.
Resultado: Virei onde vi uma placa a dizer Lisboa (eu disse que andava sempre perdido) e fui andando mas depois caiu a "Tempestade". O vento era tão forte que eu ia a 14kmh em recta, sem ver nada e a tremer de frio. Nem pedalar me aquecia.
Instalou-se a fraqueza e desisti. Parei numa paragem de autocarro e chamei ajuda. Fui para um café impedir a hipotermia (mais uns minutos na rua e era certa) e a senhora até disse que assim que me viu entrar pensou em ligar para os bombeiros.
Eu não aprendo mesmo...

Anónimo disse...

Boas pessoal
Andar assim não vão ter muitos amigos !!!!
Agora tive que dar a volta em Mafra mas o Luis
porque já não sentia os pés
Há Ricardo uma nota o mais fraquinho era eu foi sempre a fundo
com a companhia do Luis
Ate pra semana A LUTA CONTINUA
ALEX SILVA

The Rock disse...

Boas pessoal

Ricardo,Jorge,Pedro Kuota obrigado pela companhia neste domingo de inferno.
Quando passámos na terrugem e a chuva picava a cara como farpas só pensava para mim"que é que eu estou aqui a fazer"mas o vicio ou a loucura é tanta que só nos dá mesmo para pedalar e chegar o mais depressa a casa.
Já mais em tempo algum apanhei um dia assim,o "katrina" ao pé deste domingo é um menino!!LOL

Anónimo disse...

Boas.
Tiro o chapéu a quem fez a volta, esta ou outra qq, pq de facto só c mta força mental se cumpre 1 volta nas condições de Domingo. Eu fiz 1"interminável" hora de bike e n foi nada amistoso.
Renato, do alto de toda a admiração q tenho pelo teu ciclismo, qd me cruzei c o Grupo na vossa chegada à Venda e te vi de calções pensei p mim q n ías ter 1 manhã nada fácil!!! Já percebi q se confirmou!
Parece é q este fds será + do mesmo...mas como há mtas subidas dá para aquecer...ahahah.

Ab a todos e boas pedaladas,
ZT