terça-feira, agosto 14, 2007

Domingos empolgantes!

De manhã cedo, o parque velocípede nas bombas da BP de Loures além de caro era imenso. Mas não só. Os seus felizes proprietários eram bons e apresentavam-se uma vez mais motivados para a exigente tirada domingueira. O Renato Hernandez, a estrear a sua negríssima Six13, definiu o estado geral do nosso pelotão: «A malta nem vai de férias só para vir aos domingos!»
Quem o diz faz parte de uma nova geração de sangue na guelra, que tem contribuído decisivamente para que o nível do grupo tivesse atingido nível nunca antes alcançado. Mau augúrio, podem afirmar os críticos do costume. Para mim, pelo contrário, é sinal de vitalidade. A demonstrá-lo está o desempenho e a atitude global fantásticos durante a tormentosa Nossa Sra. da Ajuda. Ambos resumem-se em apenas um aspecto fundamental: sinto-me lisonjeado por TODOS terem correspondido ao meu repto de concluírem o percurso – friso todos, mesmo sem saber se algum não o terá feito. Tanto mais, que as dificuldades do percurso, montanhoso (+ de 1200 metros de desnível acumulado), foram ainda agravadas pelo andamento altamente selectivo. As expectativas foram largamente superadas, acima de tudo, porque ao compromisso (pessoal, esclareça-se) em concluir o traçado juntou-se empenho fora-de-série!
Mas vamos à crónica. Como aconselhava o facto das grandes dificuldades estarem reservadas para a segunda parte do percurso, a primeira decorreu sem excessos, por isso sem grande história. O pelotão rolou, contra o vento, de Sacavém a Alverca, «puxado» maioritariamente pela dupla Jony e Rui Scott, (embora também lá tenha passado o Steven, e poucos mais). À chegada à minha cidade-residência (Alverca), o Rui protagonizou a primeira mudança de figurino da tirada. Na avenida central, acelerou o ritmo e o pelotão permitiu que se isolasse, levando o Fantasma (regresso após algumas semanas de ausência) na roda. À chegada à rotunda do Brejo já levavam cerca de 200 metros de vantagem, mas o pelotão preparava-se para se reorganizar na perseguição. O Rui é uma das figuras a quem não está autorizadas liberdades excessivas... O João do brinco relembrou-o, mas nem precisava.
Todavia, alguns metros depois, ao iniciar-se a subida de A-dos-Melros, a ausência de contacto visual na primeira longa recta exaltou os líderes do pelotão. Por isso, o que poderia ser uma perseguição através de controlo à distância, passou rapidamente a corrida desenfreada. Toda a parte mais dura da subida foi «a mata-cavalos», contra o vento, a meter muita gente – eu incluído – no «red line» tanto nos períodos em que assumi a condução do grupo, como naqueles em que o Nuno Garcia, o Jony e o Freitas também se revezaram.
Contudo, apesar do andamento altíssimo, nem sinal dos fugitivos. A explicação veio pouco depois – mesmo assim, já quase no final da subida, já os desgastes tinham sido feitos: um telefonema do Rui esclareceu sobre esta corrida do gato e do rato, em que o rato parecia correr mais que a conta! Os dois «fugitivos» tinham-se enganado no caminho e seguiram em frente, para Vila Franca, nem sequer iniciando a subida. Ai a falta de cuidado em saber o percurso!!!
Enfim, o pelotão descomprimiu. E bem! Aguardou-se muito pela reintegração de todos os elementos que foram adequando o ritmo às suas capacidade e ainda mais para o Rui (que teve de realizar toda a subida sozinho, em recuperação (rapidamente o Fantasma não consegui seguir-lhe a roda – e de resto, acabou por tomar outro rumo), sem dúvida em condições não mais favoráveis que as dos seus supostos perseguidores.
A Mata era o prato seguinte. Após entrada moderada, «meti» o ritmo, embora não demorasse muito a ser rendido pelo Jony, que fez as despesas durante o «miolo» da subida impondo um ritmo muito bom. No último km, o Rui rende-o e levou o restrito grupo da frente quase até à meta do Prémio da Montanha, onde o Freitas quis passar à frente, não lhe permitindo o Jony. Depois disso, foi com especial prazer que assisti à chegada dos demais, ao ritmo que mais lhes convinha. No alto, respeitou-se escrupulosamente a neutralização, após o que se rumou a S. Tiago dos Velhos e ao segundo «prato» do dia: o «muro» da Ajuda.
Na descida, o Salvador acelerou e ganhou distância. Muito boa iniciativa, que lhe permitiu entrar nas elevadas pendentes com bom avanço. Voltei a endurecer o ritmo à frente do pelotão e ainda mais na abordagem à duríssima rampa, ainda mais porque fortemente batida a vento. Entretanto, o Rui Scott ultrapassa-me e força. Apanho-lhe a roda. Mas não é fácil. Para mais que o Nuno Garcia surpreende pela esquerda. A roda a seguir era, agora, a dele. Mas o Rui volta a mudar de ritmo e o Garcia tem uma «quebra» acentuada e quase pára à minha frente, obrigando-me a ficar pendurado nos pedais. Impossível alcançar o Rui. Mas as diferenças foram mínimas. O esforço, ao invés, foi máximo!
Lá em cima, nova paragem para reagrupamento. Ninguém quebrou o protocolo. Cinco estrelas! E depois de subida, outra descida. Agora para Quinta do Paço e Tesoureira. Surpreendentemente, o Freitas acelera à frente do pelotão tentando aproveitar o relaxe geral e minha posição e do Jony na causa do grupo. O Rui estava por perto e juntou-se à iniciativa, que, porém, foi neutralizada com a eficaz reacção do pelotão (e não foram precisas ajudas dos mais fortes; a união e o espírito de responsabilidade fizeram a força. Super!).
Mas a contenda estava definitivamente espicaçada, e por acção do Jony (não terá apreciado muito o movimento sorrateiro do Freitas?!) e de outros, como o Carlos do Barro e o Salvador, fez a ligação ao início da subida para Casais da Serra em bom ritmo. Assim se mantendo, quando o Jony voltou a «pegar» no ritmo. Outra vez, como na Mata, de muito bom nível. Os restantes procuraram abrigo nas rodas, embora o vento, nesta fase, não fosse tão castigador. No último km, o Rui voltou acelerar e obrigou a perseguição esforçada, dada a aproximação da derradeira e decisiva subida: Ribas. No cruzamento de Casais da Serra estavam o pelotão (ou o que restava dele) de novo reagrupado e foi conduzido pelo Salvador e o Carlos do Barro que chegou ao Freixial para atacar o derradeiro pitéu...
A rampa de entrada na subida de Ribas mostrou o Renato ao ataque. Fortíssimo, impossível de acompanhar. Mas demasiado também para quem tinha de lidar com os três complicados quilómetros que restavam. A quebra foi rápida e antes de iniciar o troço da escola primária (Ribas de Baixo) encarreguei-me de fechar o espaço. Quando o fiz, passei logo ao ataque, fazendo a primeira mudança de ritmo, procurando aferir a resposta dos seus parceiros. E depois uma segunda logo após a aldeia. Ainda sem me aperceber se teria causado «estragos», o Rui ultrapassou-me e tomou as rédeas, forçando. À chegada ao «descanso» intermédio da subida, finalmente inteirei-me da situação: o Freitas tinha descolado. Primeiro pela minha acção e depois pela consolidação motivada pelo Rui. No descanso, encarreguei-me deste não haver...
Restava um trio à frente: eu, o Rui Scott e o Jony. Não demorou muito a que o Rui me rendesse e conduzisse o trio a partir da entrada nos últimos 1,5 km, a fase mais dura da subida, principalmente a partir do cruzamento para o Vale S. Gião. Então, veio o momento decisivo da subida: à passagem pela entrada do Parque de Montachique, o Rui (que não conhecia o local) exterioriza algum desconforto com a visão da forte pendente que se deparava. Informámo-lo sobre a distância que restava para o alto (300/400 metros), mas à passagem pelo interior da curva larga à direita (onde a inclinação atinge acentuação máxima), deixa cair o andamento significativamente (de 18/19 km/h para 16 km/h) e eu decidi lançar a minha cartada. Acelerei para descolá-lo - naquela fase já não pensava que o fizesse em relação ao Jony, mas acabou por ele a ceder. Quanto ao Rui, reagiu muito bem e teve ainda força para «passar» directo, ganhando-me cerca de 10 metros no Alto do Andrade.
O Jony começou às voltas com ameaças de caímbras e consentiu muito tempo em poucos metros. Ao invés, o Freitas recuperara do mau momento no início da subida e depois de numa primeira fase ter sido alcançado pelo Carlos do Barro (que chegou ao alto com a máscara de esforço pelo empenho que deveria ter sempre nestes momentos) e o Renato (promissor), deixou-os para trás e chegou já muito perto do Jony. O Carlos e o Renato também terminaram logo a seguir, e depois o Salvador à frente do João do brinco (subida de forma indiscutível, que o já coloca quase ao nível do Salvador!). Estes foram o que fizeram a subida mais rápido, mas todos os restantes estão de parabéns.

Amanhã (dia 15): Sto. Estevão (8h30)

ÚLTIMA HORA: No próximo domingo, está em preparação mais uma super-volta, com final inédito e empolgante. Amanhã à tarde, a apresentação!

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