segunda-feira, agosto 20, 2007

S. Romão superou a dureza que se esperava!

No domingo, a volta apresentava o aliciante de concluir a clássica da Ota com a subida inédita a S. Romão, que acabou se revelar bastante mais dura do que é efectivamente!... Arrisco a dizê-lo «bastante mais dura» porque, no meu caso, foi mesmo a sério! Por três motivos principais:
1º O notório decréscimo de forma devido à inconstância de treinos nas últimas semanas, motivada por saturação de uma época longa que não deixa grandes saudades.
2º O andamento extremamente selectivo imposto desde o início da subida, em Alhandra, pelo Carlos Coelho, corredor federado (veteranos), que deixou excelente impressão durante todo o percurso, e não apenas na montanha, onde fez estragos a sério, como se descreverá mais adiante.
3º O vento forte, que foi obstáculo suplementar, e se fez sentir com grande intensidade ao longo da subida, acentuando os desgastes – principalmente dos que passavam por mais dificuldades, como eu.

De resto, para mim, a volta de domingo começou aziaga, com a quebra de um raio em Vialonga, forçando-me a parar, em casa (felizmente estava perto), para trocar a roda. Incidente que só não impediu a minha continuidade (pois a vontade nem era muita!) porque desde há algumas semanas temos o privilégio de contar com carro de apoio: conduzido pelo sr. Zé João – pai do José Henriques, também elemento recente do nosso grupo. Neste caso, teve a gentileza de aguardar enquanto trocava a roda e de voltar a colocar-me no pelotão, já este entrava na Ota. Desde já, o meu agradecimento!
Devido à avaria, fiquei a dever quilómetros preciosos aos bravos que enfrentaram o vento e a força dos roladores entre Alverca e a Ota. Lá estava o Freitas no seu terreno predilecto, o Paulo Pais em forma, o Rui (Scott) e principalmente o referido Carlos Coelho, que, logo a seguir, teve uma demonstração de bom nível na subida do Vale do Brejo, onde imprimiu um andamento muitíssimo rijo que seleccionou o grupo aos mais fortes – e nele se deve incluir o Fantasma, que só descolou na aceleração final.

Como tem sido habitual, o ritmo em terreno plano raramente é moderado. Friso, moderado! Porque nem pensar que possa ser leve... Facto que, a juntar ao vento muito forte, reforça o mérito de quem dá o peito à frente do pelotão mas também não permite grande poupança aos restantes. Além disso, por algumas ocasiões o andamento passou de forte a fortíssimo, como, o que «meteu» o Paulo Pais na aproximação de Vila Nova da Rainha, fraccionando imediatamente o pelotão: só o Freitas e o Fantasma, que estavam imediatamente atrás de si, não ficaram surpreendidos com a aceleração. Aliás, os que ficaram mais perto, no grupo perseguidor intermédio, foram apenas eu, o Carlos Coelho e o Rui Scott – o que diz bem da dureza da pedalada.
Talvez pelo andamento demasiado selectivo durante toda a tirada tenha havido uma fraca mobilização para a subida para S. Romão, que, afinal, era o grande atractivo da jornada. Todavia, os que decidiram enfrentá-la cumpriram esse enorme desafio, dadas as dificuldades, que, volto a reforçar, devido ao vento, para alguns, e pelo vento e o andamento, para outros, foram bastante superiores às que a própria subida impõe, em condições normais.

A subida foi verdadeiramente competitiva. O quarteto que se formou à cabeça, depois de alcançar o Freitas (que se tinha adiantado com um pequeno grupo após o empedrado de Vila Franca), não durou muito a desfazer-se. O ritmo forte, com variações bruscas, do Carlos Coelho (excelente trepador!) não demorou a fazer vítimas. O primeiro foi o Freitas, a tirar «bilhete» logo aos abanões iniciais mal a subida empinou; e o segundo fui eu, nas últimas centenas de metros da primeira parte da subida, também vergado a mais uma aceleração do Coelho, desta vez, saindo de trás, procurando surpreender. Mas só a mim, que definitivamente estava em dia «não»!
À frente, ficou o trio Coelho, Paulo Pais e Rui Scott, que «discutiu» palmo a palmo a parte final da ascensão, marcada por algumas rampas bastante inclinadas, e onde este último voltou a demonstrar os créditos que tem firmado nos últimos tempos, deixando a respeitosa concorrência para trás na derradeira rampa. Depois de mais esta exibição de classe, parece extremamente complicado vislumbrar actualmente quem consiga destroná-lo na montanha, e como...
Ontem perdi, para ele, mais de 2 minutos nos últimos 3,4 km (a segunda metade da subida), diferença bastante significativa. De resto, esta temporada já não devo encontrar motivação nem força anímica para voltar a atingir nível de forma que me permita «atacar» a sua hegemonia – e que ainda há bem pouco tempo assumi, perante próprio, ser um objectivo pessoal. Reconhecimento esse, que creio ser lisonjeiro para ambos!

Notas de observador:

Elucidativa, a expressão do Freitas à chegada ao Lameiro das Antas (a concentração final): «Posso rolar, passar topos, mas definitivamente não fui feito para subir...». Ele que, apesar de a época também já ir longa, ainda evidencia indiscutível boa forma, voltando a tomar as rédeas do pelotão, imprimindo andamento forte quando o terreno é-lhe mais favorável, situação que só na última quarta-feira, em Sto. Estevão, tinha voltado a acontecer desde meados de Julho.

Aplausos para as subidas do Salvador e do Fantasma, que resistiram à atracção de continuar em frente em Alhandra. E olha que era bem forte! Eis a atitude que se pretende. Mais: o Fantasma esteve «em grande» durante toda a volta, no seu terreno, e enfrentou a adversidade (entenda-se montanha) com inexcedível aplicação. Por seu turno, o Salvador, mais discreto na volta, empenhou-se na subida e teve boa recompensa. Poderosos!

Para o exemplo de galhardia do José Henriques na subida final. O novo recruta do grupo – daqueles que se quer muitos –, conclui a subida em grande esforço, encorajado pelo seu pai, a partir do carro de apoio. Cruzei-me com ele quando descia de regresso a Alverca e não resisti em dar-lhe uma «mãozinha» naqueles metros finais tão penosos. Perante a prestação que acabara de assistir do seu filho mais velho, no interior da viatura, Zé João (75 anos, muitos deles ligados ao ciclismo profissional), qual pai orgulhoso, premiou, alto e bom som, a proeza do seu filho: «Foi espectacular!»

Os mesmos elogios para mais uma demonstração de tenacidade do «Grande» Abel, desta vez acompanhado do Zé Filipe, que não «fugiram» ao tirocínio de S. Romão. Também quando já descia, a caminho de Alverca, cruzo com eles a cerca de 500 metros do alto da subida, onde o Abel, mesmo lidando com as fortes inclinações e o vento contrário, afirmou com surpreendente tranquilidade, no seu sotaque alentejano, dirigiu-me uma expressão que define bem a sua maneira exemplar de estar no grupo. «Vê lá tu, andámos para aí perdidos, mas passámos por umas rampas tã... lindas!». Por isso e muito mais, ele é «Grande».

5 comentários:

Ricardo Costa disse...

Atenção, a partir de hoje encontro-me munido de uma temível arma aniquiladora: uma bike de TT. Tremam, pois!

A estreia foi hoje de manhã, durante 2 horas e tal nos trilhos das serranias de Alverca e Vialonga, e a coisa... promete!

A sério, alguém tem algum tempo para me ensinar a pedalar com aquele tractor.

Como não sou muito paciente (mais inconsciente), fiz uma espécie de estreia tudo-em-um. Eis as principais ideias a reter:
1- Antes de mais, pensava que aqueles rodas pedaleiras minimas e os carretos gigantes permitiam trepar paredes! Por isso, fui procurá-las. Resultado: não acredite, quem nunca experimentou. Ou seja, com a falta de jeito que evidenciei, cada vez que me fazia às famosas picadas que são delícias dos betetistas, a roda da frente ganhava vida, empinava como um cavalo indomável e forçavam-me a recorrer invariavelmente aos meus melhores dotes de malabarismo para... continuar de pé.
Duas alternativas: subir o que restava com a bike pela mão ou dar meia volta. Resultado: não passei nem uma!
Se isto é pão nosso de cada dia do BTT vou ali e já venho.
3- Já a descer a pique, sempre com muito jeitinho, deu para não ter nenhum susto. O que já é bom.
4- Uma pergunta aos entendidos: a malta anda mesmo devagarinho no mato ou sou eu que não tenho sei mais que aquilo? Ou será não tenho pernas para mais? Por favor, digam-me que também fogem dos muros esgravilhados; que só os enfrentam os «pros» ou os que têm algum fascínio em arrastar a bicicleta por ali acima... à mão!
5 - Afinal, houve um aspecto positivo: não caí!

Pode parecer incoerente, mas fiquei com vontade de lá voltar!

E talvez já amanhã...

Anónimo disse...

Ricardo,

A minha estreia no BTT foi também um pouco terrível, tanto que depois de Portalegre, limpei a "máquina" e deixei-a pendurada.
Nas subidas mais inclinadas, a bicicleta fica "possuída". É muito diferente da estrada.
Bons treinos e ... cuidado com as quedas.

miguel

Ricardo Costa disse...

Primeiros passos no mato, dia 2:

Desafiado pelo poderoso do Fantasma, e na perspectiva de retirar ensinamentos da sua experiência na especialidade, aceitei desde logo o seu convite, embora sabendo, de antemão, que não me iria poupar a transtornos vários. Olha quem!
A jornada, ainda e sempre de adaptação, superou as expectativas e foi muito produtiva em termos de aprendizagem dos limites da bike. Principalmente, a descer. Sem quaisquer referências sobre as potencialidades da máquina, admito que fiquei bastante impressionado com a capacidade para «digerir» os obstáculos em descida rápidas. É impressionante a sua resistência. Sozinho, nunca me aventuraria... a fazê-lo como fiz, com o destemido Fantasma como «lebre» fui-me «mandando» sempre mais... e gostei das sensações. Sem sustos!
No entanto, tal como o Miguel referiu, as subidas íngremes, desde que técnicas (ou seja, com piso irregular, pedras, valas, etc.) continuam muito difíceis de negociar. A roda dianteira tende a levantar, a bike perde estabilidade e eu (ainda) não tenho discernimento para corrigir as trajectórias.
Pior que isso é ter de parar a meio dos «muros» - e é dificíl fazê-lo sem cair, e voltar a montar. Um bico de obra! Que alta de jeito! Lá vai à mão... o que é uma vertente do BTT de complicada habituação.

Enfim, teria sido óptimo para 2ª vez, se a minha estreia no «tapete» (em mais uma subida íngreme) não tivesse provocado a quebra do «drop-out» da bicicleta. Uma avaria que permitiu que chegasse a casa só porque o Fantasma, qual homem do trilho previdente, mostrou dotes de mecânica. Foi pena porque, segundo ele, a lição estava longe de estar terminada!

Não vou esmorecer. Toca a reparar a bike e se estiver apta a tempo, sexta-feira lá estarei para a 3ª lição, ainda a convite do «prof».

Ricardo Costa disse...

Próximo domingo

Sobral da Abelheira

Percurso: Loures-Tojal-Bucelas-Freixial-Vale S. Gião (à dir. p/ Póvoa da Galega-Milharado-Sapataria-Pêro Negro (esq. p/Enxara do Bispo)-À esq. p/ Casal de Barbas-Casal de Barbas-Turcifal-Livramento (em frente p/ Sobral Abelheira)-Sobral da Abelheira (subida)-cruz. esq. p/Mafra-Barreiralva-Murgueira-Gradil-Vila Franca do Rosário-Malveira-Venda do Pinheiro-Loures

Distância: apox. 90 km

Recomendam-se estes pontos de neutralização para reagrupamento:
1º rotunda de Vale de S. Gião
2º rotunda de Pêro Negro
3º Turcifal
4º Murgueira (alto do Gradil)
5º Malveira

Por motivos de segurança, não se recomenda a paragem no cruzamento do alto do Sobral da Abelheira (subida dura de 1 km), devendo seguir-se, à esquerda, para o topo da Barreiralva e só se neutralizando mais à frente, na Murgueira (alto do Gradil).

Anónimo disse...

Amigo Ricardo, antes de mais obrigado pelo elogio.
Gostava muito de poder dar umas pedaladas contigo para te poder ajudar a domar esse cavalo irriquieto.
Horário a combinar talvez para a semana.
Boas pedaladas.
Rui scott.