O último fim-de-semana velocipédico foi bastante preenchido. Ou melhor, totalmente preenchido! Ficou marcado pela realização, no sábado, de uma volta inédita (em grupo) com elevado nível de exigência, denominada Roteiro dos Muros. A esta darei primazia nos comentários, já que, como referi, a saída domingueira foi fortemente condicionada pelos efeitos da epopeia da véspera... e não teve grande história.
O Roteiro dos Muros era desconhecido para a maioria dos participantes, à partida de Loures. Eu e o Carlos do Barro éramos excepções, ele que não quis deixar de marcar presença numa tirada que sempre disse apreciar, desde que, como eu, a cumpriu a solo, em meados de 2007!
Desta vez, formou-se um bando de aventureiros, que desafiou o desnível acumulado (quase 2000 metros em 95 km) e, principalmente, as passagens a percentagens elevadas em algumas das 14 subidas que figuram no cardápio. Foram sete conhecidos (a saber: além de mim, Freitas, Filipe, Hugo Garfield, Rocha, Carlos e André), a que se juntaram, de forma imprevista, mais dois anónimos – por sinal, meus conterrâneos, entrando na volta completamente...às cegas, mas agradáveis surpresas, pela qualidade e simpatia demonstradas.
Além dos duros obstáculos a vencer na jornada, juntou-se mais um: o vento forte, que aumentou bastante o índice de dificuldade. Esse «adversário» esteve sempre presente e reflectiu-se na média final, 24 km/h – quando eu, sozinho, tinha feito 25 km/h em 2007. O Roteiro do Muros é uma prova para se ir fazendo... com cautela e moderação. E quando o grupo abordou a primeira subida – o quilómetro a 9% da Serra da Alrota – notou-se, de imediato, que (quase) todos a encaravam com devido respeito. Disse quase, porque os dois alverquenses, na altura, estavam longe de saber o que os esperavam – mas, de qualquer maneira, fizeram questão de adequar sempre o seu passo ao ritmo dos companheiros de ocasião. Logo aí marcaram pontos!
Além desta entrada exigente, a primeira grande dificuldade chegou apenas aos 30 km: a dura rampa da Nossa Sra. da Ajuda. Aí, face ao vento forte, só se passa não poupando energias. E eis a primeira grande injecção de ácido láctico nos músculos. E também primeira situação em que foi prudente, cada ciclista, controlar bem o desempenho e as sensações. Muito havia ainda a percorrer...
Deste «muro» não se demora muito a saltar para outro, de onde não se sai incólume: S. Quintino, para a Seramena. Mais uma vez, com a oposição do vento - e depois de uma interrupção forçada, devido a furo do Hugo, que sem «boyaux» para substituir lamentavelmente teve de abdicar de continuar - a transposição desta subida, em particular, a sua fase mais inclinada, obrigou a castigar demasiado as pernas, deixando-lhes marcas que mais tarde iriam certamente... pesar – afinal, esse é o maior desafio desta tirada.
A toada de contenção (possível...) manteve-se em Casais de S. Quintino (para a pista de autocross), em Galegos e na Charneca; até que chegou.... a Choutaria! Nas suas passagens mais íngremes, os famigerados 200 metros a cerca de 20%, ficou muito sangue, suor... e talvez algumas lágrimas. Nunca sofrera tanto naquele local como desta vez – confesso que sou muito pouco visto por aquelas bandas –, e a partir daí, não só para mim, o Roteiro não foi mais o mesmo! Até porque se aproximavam as últimas subidas – e com elas perdiam-se as preocupações que impunham moderação. Também já era hora de começar a corresponder ao empertigamento do mais trepador dos «outsiders», que naquela altura já tinha esclarecido a todos sobre as suas reais capacidades, pelo menos.
Ultrapassado Montemuro, a lindíssima subida da Asseiceira Pequena foi a primeira a ser «atacada» desde o início, e mais uma vez o forasteiro demonstrou estar no seu terreno, causando indiscutíveis desgastes aos que o conseguiram seguir: eu, Freitas, André, sempre seguidos perto pelo segundo elemento «exterior» (Mota, é o seu sugestivo nome).
Contudo, se esta subida serviu para sentir quão amarga era a roda do Trepador, nas Salemas tornou-se verdadeiramente picante continuar a mordê-la! Procurei, de início, meter o meu ritmo à frente do grupo (entenda-se, o andamento mais confortável), mas quando, o dito, encontrou o seu próprio equilíbrio, não se coibiu de assumir o comando, elevando a marcha até ao alto. Mais uma vez, entrei alguns minutos no «vermelho».
E foi indiscutivelmente «tocados» que enfrentámos a última subida do dia, afinal o «happy ending» que todos já desejavam: Ribas, pelo Picadeiro de Vale de S. Gião. A primeira fase da ascensão foi tranquila, mas imediatamente selectiva com todo o cansaço já acumulado, mas no derradeiro quilómetro, para o Alto do Andrade, o ponteiro voltou a entrar no «red line», ainda e sempre por acção de quem se revelou mais à-vontade nos muros deste espectacular roteiro: o surpreendente trepador da minha terra.
Aos que participaram, pela superior abnegação e coragem revelada, rendo sincera homenagem. Principalmente aos homens do «Quebra», para os quais terá sido a primeira etapa de um exigente (e indispensável) programa que deverão cumprir até 21 de Junho – nos próximos 3 meses decisivos. O Freitas está bem, já se sabia; e o Filipe destacou-se bastante pela positiva – não só pelo desempenho em subida, mas também na abordagem às dificuldades do percurso. Boa leitura Felipão! Atenta que o facto de teres chegado com o Freitas nas Salemas e em Ribas (as duas subidas finais) não foi mais que resultado da tua eficiente gestão de esforço ao longo da prova. Daí, nesta altura em que a preparação para a rainha das clássicas espanholas entra numa fase determinante, deves retirar as proveitosas ilações, ou seja, que é esse o caminho correcto para um grande Quebraossos!
Foi uma manhã em cheio, um treino duro e produtivo, pelo que, desde já, fica marcado para próximo dia 21 (sábado) mais um desafio aliciante (mais uma daqueles etapas que ficam na memória... no corpo e no espírito), que sugestivamente designei de Super-Trepadores! Antecipo que é dura, muito dura, mas com características diferentes do Roteiro dos Muros.
Nos próximos dias, apresentarei o percurso, mas o convite fica desde já endereçado. A todos!
Brevemente, também o comentário (curto...) à volta de domingo, do Gradil. E o lançamento da do próximo fim-de-semana: Oeste.
10 comentários:
"e o Filipe destacou-se bastante pela positiva – não só pelo desempenho em subida, mas também na abordagem às dificuldades do percurso. Boa leitura Felipão! Atenta que o facto de teres chegado com o Freitas nas Salemas e em Ribas (as duas subidas finais) não foi mais que resultado da tua eficiente gestão de esforço ao longo da prova. " não concordo com o comentário dado que o freitas não pode ser referencia para ninguem e o filipão tem potencial para deichar o freitas a apanhar bidons. abraço e boas pedaladas pessoal.
eh eh eh...
Pois é!
Ora bem, uma nova versão:
'' a daquele é maior que a do outro''
Vou começar a pontuar estas ''bocas'' numa escala de 0 a 10.
Pontuação: 6/10
Nada de novo, apenas é mais original a versão.
ohhh so?
Amigo Zé Bocas DEICHAR não mas sim deixar ao menos aprende a escrever.
A dor cotovelo é fodiiiiidddd....
DEICHA lá isso não és assim tão bom.
As tuas dores são outras. Não foste bom quando eras novo era agora que te transformavas. Nem com as farmacias todas da zona a fornecer-te produto.
Deves estar a espera que os veteranos te convidem...
os veteranos até o devem convidar mas deve ser assim para encher rodas, encher bidons e nem sei se para ISSO O QUERem
Aos Outsiders de Sábado (Rota dos Muros), resta-nos agradecer o convite e felicitar pela espectacular etapa que nos proporcionaram.
Aproveiro para confirmar a nossa presença dia 21, nos "super-trepadores"
Boas pedaladas!
ouve la ninguem tem dor de cotovelo de um enpenado como tu.
Retribuo as felicitações ao camarada Mota (um dos «outsiders» do Roteiro dos Muros), ao seu parceiro, Capela, duríssimo trepador, e fico muito grato por desde já aderirem ao repto da Super-Trepadores, de dia 21.
Até lá, abraço e bons treinos
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