segunda-feira, maio 11, 2009

Fátima: a crónica

A Ciclomix dominou a Clássica de Fátima 2009, conquistando as primeiras quatro posições à chegada àquela cidade. Como dizem os brasileiros, foi «barba, cabelo e unhas...»
Numa jornada marcada pela chuva, na ausência da GNP, do camarada Paulo Pais, a hegemonia do esquadrão amarelo pouca oposição teve, principalmente da Pina Bike, que se vergou perante a sua superioridade, acima de tudo colectiva. No seguimento do controlo quase absoluto das operações ao longo do percurso, o quarteto composto pelo Hugo Maçã, André («contratação» de última hora, surpreendente!), Filipe Arraiolos e Rui impôs-se, por autêntico KO técnico, a todos os demais, permitindo que celebrassem, de mãos dadas, no final, à chegada à rotunda dos Peregrinos, um triunfo bem preparado e inteiramente merecido.
A história desta edição da clássica-rainha do nosso calendário escreveu-se, pois, em tons de amarelo, as cores da Ciclomix. Esta equipa apresentou-se mais reforçada que nunca – além do André, o Rui – e com a maioria dos seus elementos em grande forma. De tal modo, que entregou quase exclusivamente ao Hugo «Garfield» todas as despesas do controlo do pelotão – e foi o que bastou! Justificando dotes de excelente rolador e o seu êxito recente na Clássica de Santa Cruz, impôs andamento forte à frente do pelotão, desde a partida de Loures ao início subida final, na Batalha, entregando a contenda em bandeja dourada aos seus companheiros. Entenda-se «andamento forte», o contributo quase exclusivo para a média final pouco abaixo dos 33 km/h.
A inesgotável disponibilidade do Hugo permitiu aos seus companheiros mais apontados para discussão final passarem descansados todo o trajecto até à Batalha. E a ele próprio (Hugo), a dupla satisfação de realizado um desempenho extraordinário, ao alcance de poucos os que participaram e de ter contribuído decisivamente (sublinho, decisivamente!) para o êxito individual e colectivo da sua equipa. Parabéns!
Mas não foi apenas físico, mas também estratégico, o mérito da Ciclomix. Eis um exemplo: ainda da autoria do Hugo Garfield, autêntico «patrão» desta Clássica: na aproximação à subida do Alto da Serra (Rio Maior, km 81) teve o ensejo de forçar o ritmo para se destacar do grupo principal e assim passar aquela dificuldade intermédia com avanço suficiente para gerir, em vantagem, o aumento do «passo» pelos favoritos do Pina Bike, e assim não fazer perigar a sua presença à frente – logo, a continuação do seu trabalho.. Fê-lo, então, com a ajuda do colega Salu (muito bem visto...) e mesmo levando a «má companhia» do Farinha, do Salvador e do Evaristo – três Pinas.
Deste modo, quando eu, durante quase toda a subida, e o Freitas, na parte final, impusemos ritmo de corte no pelotão, só o Farinha, o Salu e o Salvador foram ultrapassados, ainda assim reentrando pouco tempo depois do final da subida – já que não houve continuidade no ritmo do sexteto que se destacou (eu e o Freitas e já os quatro Ciclomix que se consagraram no final). De resto, não demorou muito mais para também o pelotão se reagrupar.
O Hugo e o Evaristo ainda rolaram alguns quilómetros isolados, mas foram reabsorvidos. E o primeiro não demorou a regressar ao seu trabalho. Nas grandes rectas do IC2 beneficiou de o vento estar (nada habitualmente) a favor, para «meter» andamento desencorajador de quaisquer iniciativas desestabilizadoras. Ou seja, Sem fraquejar sequer nos topos impediu que houvesse reacções hostis.
Nesta fase, com cerca de 90 km percorridos, deu-se o único incidente: queda do Pina, aparatosa e a fazer temer piores consequências, porque se rodava a mais de 45 km/h!... Causa: o embate numa pinha caída, felizmente sem provocar mais mazelas do que algumas escoriações. No entanto, combalido, o nosso «relojoeiro» teve de abandonar.
Depois da paragem, a ligação à Batalha fez-se ainda a bom ritmo e com o mesmo figurino: Ciclomix a controlar as operações, sempre com o inevitável Hugo a liderar. Na chegada à Batalha havia que tentar alterar o estado das coisas. Face ao «descanso» se tinha verificado até aí, não havia tempo a perder em jogar as cartadas que a nós, Pina Bike, restavam: atacar nas subidas. Forte e o mais cedo possível.
Logo que a estrada empinou, para a primeira ascensão, a mais suave (2,3 km a 5%), passei a impor o ritmo. Elevado, mas não máximo, por ser ainda... cedo! Por azar, pela primeira vez durante toda a tirada o vento soprava frontal. Estava tudo... contra! Do pelotão seleccionou-se de imediato o sexteto que se formara no Alto da Serra, com o Freitas, tal como aí, a passar na frente nos metros finais para me ajudar e não deixar cair o ritmo. Os Ciclomix mantiveram-se incólumes. Nenhuma baixa a registar. Mas sem surpresa, nesta altura...
A descida, ao contrário do que deveria a bem das nossas pretensões (ou das minhas, como se verificou rapidamente...) foi tranquila, permitindo recuperar, aliviar as pernas e baixar o ritmo cardíaco bastante. Com tanta concorrência, eu não poderia arriscar continuar a forçar na descida, logo entrando a fase dura e decisiva, a segunda subida. O Freitas também o fez, e tinhas razões ainda mais fortes...
Perante isto, em maior número, os Ciclomix não tardaram a passar o ataque. Ainda na descida, o Filipe acelerou e entrou ligeiramente destacado na subida final (2,5 km a 6,5%), obrigando-me a perseguir. O Freitas aconselhou-me a controlar. Mas tal não seria a melhor opção, pois a cada metro que passava esgotavam-se as possibilidades de tentar obter alguma vantagem em subida. Fechei o espaço, e astutamente o André passou logo ao ataque, abrindo alguns metros e voltando a obrigar-me a perseguir. Desta feita, a movimentação causou estragos, não só nos restantes Ciclomix, mas também, e ainda mais profundos, no meu companheiro, Freitas – que ficou definitivamente fora da discussão.
Perante este cenário, ficava quase sentenciada a contenda. Restava-me forçar ao máximo. Depois de me juntar ao André, procurei manter o andamento elevado para aumentar a distância para os outros Ciclomix, mas tive de lidar ainda com constantes ataques do meu parceiro de fuga, cujo único sucesso foi (afinal, como pretendia!) desgastar-me. Por isso, no final da subida, a 7,5 km de Fátima, não deveríamos ter mais de 20 segundos de vantagem sobre o trio perseguidor, sabendo, de antemão, que não teria cooperação – pelo menos, efectiva para tentarmos chegar isolados. Ele ainda passou pela frente, quando instigado, mas limitou-se a cumprir «dever moral», não se empenhando a fundo. Neste caso, compreensível.
Assim, a cerca de 3 km de Fátima fomos alcançados... e imediatamente ficou gorado o meu objectivo. A partir daí, os Ciclomix atacaram à vez, ao que tentei responder sempre com a possível prontidão – e sem nunca abdicar, rejeitando limitar-me a gerir o desgaste e a tentar... o segundo lugar. Ao terceiro ou quarto ataque, o Filipe saiu melhor que antes, abrindo mais espaço do que seria conveniente para mim. Como demorei mais tempo a fechar, inviabilizou-me a derradeira hipótese: contra-atacar. Foi isso mesmo que constatei quando estava novamente a escassos metros de o alcançar, ao sentir as pernas bambas metendo-me em crenques. O local até era bom: a ligeira lomba do viaduto da auto-estrada, a menos de 500 metros do final. Mas a nem isso teria veleidades, pois imediatamente antes de encostar na roda do Filipe, os Ciclomix passaram de esticão em bloco. O Rui e o André à frente, celebrando de mãos dadas; o Hugo Maçã logo a seguir, depois o Filipe e eu a fechar o quinteto. Fui a KO – mas sem atirar a toalha ao chão!

Menção honrosa também ao nosso grupo, Pina Bike, que esteve muitíssimo bem, demonstrando estar ao nível de uma tirada exigente como a de Fátima. Não temos a capacidade colectiva para num percurso com estas características contrariar (no bom sentido competitivo...) formações mais homogéneas e bem organizadas, como a que a Ciclomix apresentou, mas a ideia com que fiquei após o final da tirada, em confraternização, era a de missão cumprida (principalmente, de cada um dos Pina Bikes, pelo seu bom desempenho individual). Já é um bom princípio. Penso, inclusive, que se exorcizaram alguns fantasmas, ajudando a criar alicerces para, no futuro próximo, ultrapassar o clima de desconfiança (será o termo mais condizente, mesmo entre os mais brandos) que impera no seio do grupo. Não para «ganharmos» as ditas clássicas, mas acima de tudo, e mais importante que isso, para recuperarmos a sã convivência e a satisfação de nos reunirmos em torno do ciclismo, a todos os domingos.

21 comentários:

Anónimo disse...

Afinal tinha razão. Não há duas sem tres.;)

Anónimo disse...

Boa tarde Pessoal

Parabens as Ciclomix, por mais uma classica ganha,e provarem que são mesmo melhores..
Ricardo, alem de gostar das suas cronicas, nao gostaria de deixar de salientar a parte final da sua cronica, que tomei a liberdade de a transcrever:
"Não para «ganharmos» as ditas clássicas, mas acima de tudo, e mais importante que isso, para recuperarmos a sã convivência e a satisfação de nos reunirmos em torno do ciclismo, a todos os domingos."
Talvez algumas duvidas que ainda subsistissem na cabeça de algumas pessoas,já não parem por lá.
Desejo as rapidas melhores do Pina

Anónimo disse...

Acho que já ninguem tem duvidas apenas certezas de cada um por si.

Anónimo disse...

Os meus sinceros parabens ao grupo dos Ciclomix.
Que não os melhores mas sim os mais unidos.
Por isso deram mais uma lição aos Pinas.

Mas atenção para o mês que vem há mais.

Hugo"Gardfield" disse...

Olá a todos. Concordo plenamente com o comentario anterior. O grupo Pina Bike tem os elementos mais fortes e com mais experiencia simplesmente não anda a tirar partido disso devido a talvez "conflitos" internos. Espero que os nosso "rivais" se encontrem já em pleno no contrarelógio de dia 24. Nos vamos continuar manter os bons resuntados nas clássicas. Grande abraço a todos e até domingo.

Hugo"Garfield"Silveira disse...

Um correção ao comentario anterior: Nos vamos TENTAR continuar a manter os bons resultados nas cássicas.

Hugo"Garfield"Silveira disse...

Um correção ao comentario anterior: Nos vamos continuar a TENTAR os bons resultados nas cássicas. Abraço

Anónimo disse...

Vocês ciclomix são mais fortes porque para além das qualidades fisicas de cada elemento, vocês funcionam como equipa, enquanto o pessoal do Pina e cada qual por si e não uma equipa isso faz toda a diferença.

Anónimo disse...

GNP a equipa mais profissional e oficial de todas,nao apareceu!
falta de logistica????medo dos ciclomoinas??

Anónimo disse...

nada disso.o problema foi outro!
falta do produto normalmente usado.esgotou?

Anónimo disse...

concordo com os dois comentarios anteriores.
sem produto nao andam,nao andam nao aparecem.eles estao muito feitos aquilo,compreendam.

Anónimo disse...

o conta-relogio e classica?

Anónimo disse...

O exemplo do Ciclomix deveria servir para o Pina Bike. É possível organizar uma estratégia colectiva, mesmo «sacrificando» alguns elementos para o trabalho durante a etapa, o que não é menos honroso e compensatório para eles. Pelo contrário, aliás, já que têm uma responsabilidade muito menor do que ter de lutar pelos lugares da frente.
No entanto, o que sucede no Pina Bike é que há elementos entre os que poderiam ser excelentes gregários e nessa condição poder espreitar sempre um triunfo, como o Hugo Garfield em Santa Cruz, mas não se satisfazem só com isso, por se convencerem que se estão a queimar (no fim de contas a ajudar) por outros de que nem sequer apreciam ou reconhecem como lideres. Não é uma questão de orgulho pessoal: é de falta de identificação com o próximo e de confiança, que deveria merecer reflexão da parte dos «ditos» líderes e de todos os outros, pois também há esse sentimento entre eles, os que não são lideres. A estes, refiro-me ao Ricardo e ao Freitas, principalmente a este, sobre o qual percebo que existe uma carga negativa muito acentuada, motivada por diversas atitudes individualistas suas nas voltas dos domingos ao longos dos tempos e que afectaram os laços de camaradagem com algumas pessoas... ou com muitas! E não só em relação aos menos treinados, como também contra o Ricardo, num comportamento que parece sempre competitivo demais.
Por isso, cada um faz as coisas por sua conta. E enquanto assim for, não haverá espírito colectivo e muito menos êxitos.

Pensem nisso...
Bons treinos

Anónimo disse...

Ricardo,
Bela lição de humildade e profissionalismo que deixaste na tua crónica.
Sem minimizar em nada o mérito dos ciclomix, que face ao exposto foi mais do que merecido, tiveste verdadeiramente uma atitude de campeão!
Não só pela forma como lutaste mas principalmente pelo reconhecimento do mérito dos adversários. Isto não é para todos!

Quanto aos vencedores, porque o são!, belo trabalho de equipa e estratégia à altura!
Continuem que vão no bom caminho.

J. Manso

joka disse...

segundo o que me diseram o que o sr. freitas fez não se faz. aos sabados vai andar com os cilomoinas, porque convem-lhe para fazer a dita "recuperação" para domingo e depois no domingo passado quando vosses "juntaram-se" aos cilomoinas ele passou directo pelos homens que nem tiveram o direito a encostarem. assim deves aranjar muitos amigos. se isso se tivesse passado comigo "morrias" logo ali para mim.

Felizardo disse...

joka,

No Domingo os Ciclomoina não pretendiam ir até Fátima. Apenas saímos para fazer uma volta normal e optámos por um percurso que permitisse encontrar o pelotão, só para cumprimentarmos a malta.


Ricardo,

Excelente crónica, para não variar.
Já se sabia que ia ser difícil para os PinaBike mas quando vi a quantidade de amarelo no pelotão e a posição que os respectivos elementos ocupavam, quando passaram um pouco a norte da Ota, fiquei quase certo de que o final ia dar Ciclomix.

Pessoalmente estava a torcer pelos PinaBike (apenas por razões de maior afinidade, não tenho nada a apontar às outras equipas) e subscrevo integralmente o comentário do J. Manso.

Abraço.

Ricardo Costa disse...

Obrigado pelas palavras de reconforto, malta, mas é assim que é o desporto quando há competitividade.

Aliás, a propósito dos «maus tratos» que os Ciclomix me inflingiram nos últimos quilómetros e o desfecho previsível da clássica, face a ter vendido tão cara a «derrota», o Filipe Arraiolos mal terminou a tirada virou-se para mim (que ainda estava a recuperar o fôlego) e tem uma expressão elucidadiva: «Pá, Ricardo, foi leal! Foi leal, não foi?!...», procurando claramente minimizar o impacto do «esmagamento» por superioridade de número e de nível que o quarteto do Ciclomix me tinha causado. A minha resposta não poderia deixar de ser pronta e afirmativa, porventura sossegando-o... O Maçã também não demorou a saudar-me, tal como o Rui.
O que fica das suas palavras é, apenas e só, o desportivismo inerente ao seu bom carácter: e isso não se impõe, nãos e força: nasce, cresce e solidifica com a pessoa.
De resto, ainda a propósito dos últimos comentários sobre o Pina Bike, só muito raramente se vê algo semelhante entre os elementos deste (do nosso) grupo: o encorajamento, a felicitação, o reconforto... por exemplo depois de uma subida difícil ou no final de uma volta dura.
Isso diz muito!

Anónimo disse...

quaNDO A próssima clássica?

Anónimo disse...

so vos aviso.brinquem so ate nos regressar-mos porque depois quem vai tocar a guitarra somos nos.as proximas sao nossas.nos gnp sem duvida somos os melhores.vamos cilindrar-vos a todos.

Anónimo disse...

É só para dizer que os Ciclomix quando querem estão lá.
A equipa Ciclomix é composta por : Hugo Arraiolos, o" maçã" ,o Rui,o "Salu", o Duarte, o Quim, o Nelson,o Hugo Filipe, o André,O Joao Simões, o Paulo Minorça, o Zé Carlos, o Zé Manel.

Força a todos para as proximas pedaladas.

Duarte disse...

"para 2 comentarios feitos a 12 de maio"
a "GNP" acima de tudo é uma empresa que tem funcionarios e que vive de vendas de produtos de nutricao e suplementaçao para viver e poder pagar as suas contas, por isso à que ter mais respeito e quidado quando se falam em outras coisas, e ainda por cima sem especificar okê.
por outro lado, fazer comentarios a taz de um cognome que ninguem sabe quem é!!! a meu ver é cobardia, para alem disso tud, os atletas que vestem os ekipamentos "GNP" têm familia e compromissos familiares e optaram por nao ir a fátima para estarem mais cedo em casa, tenho pena que muit gente encara estas voltas xamadas "calssicas" como autenticas corridas sem olhar as diferenças de idades e fisicas, para esses fasso o convite para se federarem e irem fazer provas nas varias categorias....
bons treinos para todos, e sempre que eu poder estarei presente nesse inventos.

Duarte Salvaterra