quarta-feira, maio 20, 2009

Peninha: a crónica

Os percursos de Cascais e Sintra têm enquadramento de excepção para o ciclismo: magnífica planície costeira exposta às contrariedades de elementos naturais como o vento, encadeada com duros troços de montanha em florestas luxuriantes.
A Clássica da Peninha trilha estes cenários e por isso quaisquer que sejam as incidências desportivas, boas ou nem tanto..., no seu desfecho perdura sempre a sensação de um tempo bem passado. Desta vez, a este juntou-se a certeza de que a jornada serrana serviu (quase) na perfeição para os objectivos diversos dos seus participantes. No meu caso, para ultimar a preparação para a alta montanha.
A tirada contou com razoável participação, mas poucos foram os que partiram juntos de Loures, à hora prevista. Ainda assim, foram os mesmos que lá regressaram, após mais de 4 horas de pedalada.
Com a alteração ao trajecto original – pela zona ribeirinha de Lisboa e Marginal – o nível de exigência do percurso aumentou exponencialmente. Começou desde logo a subir, para Guerreiros e de Ponte de Lousa para Sta. Eulália. Como tal, entrava cedo em acção também o meu plano (de treino) delineado: andamento moderado e certo nas subidas. Para tal, «puxei» pelo grupo – composto pelo Filipe Arraiolos, o Paulo Pais e o André naquelas paragens, com ligeira desvantagem sobre o duo Pina e Salvador, que saíram antecipados, tendo sido absorvidos em Sta. Eulália.
Aí juntaram-se dois GNP e só muito mais tarde, na recta que liga ao nó do Lourel, o grupo passou a ter corpo de pelotão com a integração, entre outros, do João Aldeano, do João (GNP), do Gil e do Carlos Gomes (irmão do ex-corredor profissional Joaquim Gomes) e de cinco Pinas mais madrugadores: Steven, Samuel, João do Brinco, Zé-Tó e Zé Morais.
Na subida do Lourel para Sintra e S. Pedro mantive a toada na liderança do agora numeroso grupo, em parceria com o Filipe – curiosamente o único Ciclomix face à presença massiva da GNP... O cinza do Pina Bike também foi minoritário: o Freitas, a convalescer, foi a principal ausência.
Após imparável sobe e desce desde Loures, seguiu-se a fase mais rápida do percurso: a longa descida do Autódromo em ligação a Cascais e a Estrada do Guincho.
E foi logo aos primeiros quilómetros desta secção, como sempre, batida a vento, que o figurino da tirada se alterou. Abruptamente! Pouco depois de uma paragem colectiva, na Guia, para «retirar peso» e quando estava em amena cavaqueira com o Gil – que, nem de propósito, me dizia estar a volta muito mais tranquila que a da sua estreia, há duas semanas, no Barril -, eis que, enquanto mastigava calmamente uma goma «milagrosa» que o Zé Morais me oferecera, gerou-se a correria à cabeça do pelotão.
Por ter sido tão desenfreada, estranhei a movimentação, deixando-me ficar com o grupo dos Pinas... calmos. Mas face à larga distância rapidamente «cavada» para os homens da frente, passei sem mais demora à perseguição. Junto ao Farol do Guincho, observo o Paulo Pais em compasso de espera, a aguardar-me. Nada de espantar, pelo seu inquebrável companheirismo. Rebocou-me até ao que sobrava do grupo principal, de onde tinham escapado o Aldeano, o André e o João – à boleia de um triciclo! Não havia indícios do seu paradeiro. Mas já se sabia: haveria perseguição, da forte, pelas encostas da serra.
Depois do trabalho inicial do PP, meti o passo nos primeiros 1-2 km da subida para a Malveira, conduzindo o grupo, sendo rendido, de forma decidida e autoritária, pelo PP – que se entregou ao desgaste, ainda e sempre com maneira totalmente disponível. Fez um grande trabalho, a obrigar todos os que o seguiam a cerrar fileiras.
Quando a vista da encosta ficou aberta, após a Malveira, pudemos controlar a distância para o trio da frente, sem surpresa com o Aldeano a impor o andamento: 1ª contagem: 1m05s; 2 km depois, 2ª contagem: 55 s. A última antes de deixar novamente de os ver...
No último km da subida, o PP teve necessidade de aliviar o ritmo e eu assumi-o, levando até ao alto. Na ligação ao cruzamento do Cabo da Roca, o Filipe também passou pela frente e aí foi possível fazer uma derradeira contagem: 1m10s. Conclusão: depois do PP ter deixado o comando, a nossa desvantagem tinha aumentado. Sentira-se isso, e os números comprovaram-no.
Assim, seria quase impossível alcançar fugitivos daquele calibre na subida da Peninha, mesmo sendo esta mais selectiva. No seguimento de um esticão sem consequências do «Russo» da GNP antes do início da subida, tomei a liderança e meti o meu ritmo logo desde as primeiras rampas... até à última. Na maior parte da ascensão, as sensações não foram famosas. As pernas teimavam em não corresponder à cadência e desmultiplicação que pretendia e tive de subir muitas vezes aos crenques para manter a velocidade. Na minha roda, sobraram apenas o PP, o Carlos Gomes, o Filipe e o Ruben. No último km, então, senti-me muito melhor e terminei como pretendia ter começado: solto.
Creio que terá pesado a factura do excelente passo do PP, que me fez passar alguns momentos de desconforto, principalmente à entrada e saída da Malveira – onde sofri na sua roda! Os dados do Polar ajudaram a esclarecer: na subida Guincho-Cabo da Roca fizemos menos 1m20s (26,7 km/h) que o meu tempo no ano passado, mesmo que tivesse sido sozinho, e desde o Estoril, passando o Guincho contra vento ainda mais forte. A pulsação média foi precisamente igual: 175. Do alto até ao início da Peninha, apenas 4 segundos melhor (em 3m03, 31 km/h), comprovando o abrandamento que fez aumentar o tempo para os homens da frente. Finalmente, na subida da Peninha fiz menos 13 segundos que em 2008 (10m16s, 19 km/h) e novamente as mesmas batidas cardíacas médias (177). Bom, mas não brilhante... como as sensações indiciaram.
No cruzamento dos Capuchos, o trio esperava-nos. Tenho de afirmar o meu lamento que o sector nevrálgico da tirada tenha decorrido desta forma, apenas por questões de aferição de indicadores de desempenho (para consumo interno). Fazê-lo na companhia que tive já foi muitíssimo proveitoso, mas seria ainda mais – penso que não estarei a cometer qualquer injustiça – se contasse também com a presença dos restantes três, principalmente do João Aldeano. Repito, pelo «azimute» que poderia ter retirado da minha prestação face à dele, em especial na Peninha – já que ele está, de facto, em excelente momento de forma!
A demonstrá-lo, a oportunidade que não desaproveitei, no regresso. Quando (o Aldeano), a partir do Lourel meteu «aquele» passo, eliminando, um a um, os parceiros de grupo até Negrais. Felizmente, restei eu, nessa altura, para esclarecer a dúvida que, de repente, o assolou sobre a ausência dos demais... É que depois de ter acelerado na rampa de Pêro Pinheiro desfez a unidade do grupo, e daí em diante, a 40 à hora, seria tarefa hercúlea qualquer recuperação – mesmo para o PP, que esteve muito bem. que se manteve na companhia do Ruben, também em nível elevado.
Iam resistindo três elementos: o «Russo» da GNP, que às tantas morava ali perto e estava atrasado, e Carlos Gomes, o último a abrir para o lado, oferecendo-me a azeda roda do líder, no início do sempre selectivo topo do campo de futebol. Não muito tempo depois, em descompressão entre Negrais e Sta. Eulália, o «fustigador» concluía a tirada, definindo-a de acordo com a minha opinião: «excelente treino», reconheceu!
À chegada a Alverca contabilizei 5 horas, 145 km: este mesmo valor de pulso médio em 1665 metros de desnível acumulado. E ainda com pernas... comestíveis. Logo, não poderia estar mais de acordo.

No domingo, novamente para a serra: desta vez Montejunto...

13 comentários:

Anónimo disse...

eu sabia que havia dois grupos do pinabike, os que andam razoávelmente e os que fazem disto um simples passeio e convívio( grupo das8 e o outro das8 e30), mas desconhecia o terceiro grupo(das7 e 30) em que o sr. freitas ingressa agora,está mesmo de patas viradas.. eheheheh

Anónimo disse...

Partiu as costelas durante a semana e ficou bom durante a volta de domingo. Diz-se que foi milagre...

Anónimo disse...

Três grupos!!!! Mas que bom é sinal de união heheheh.
Mas dos fracos não reza a Historia.

Anónimo disse...

Três grupos!!!! Mas que bom é sinal de união heheheh.
Mas dos fracos não reza a Historia.

Anónimo disse...

Milagre?! Mas a volta a Fatima foi na outra semana...

Anónimo disse...

Então mas quem foi o gajo que ganhou a classica? O Freitas? Milagre!!!! XD

morales disse...

O nosso grupo já não é das 08.30h, mas sim das 08.15h, estamos a fazer progressos, qualquer dia já saímos com as feras hehehehe, mas o convívio mantém-se até conseguimos ver a paisagem e as “chicas” .
De qualquer das maneiras temos tentado fazer as voltas completas e mais ou menos “empenados” vamos conseguindo, os progressos vão se notando, principalmente para mim depois da maleita que me assolou, obviamente que não estamos ao nível dos craques. Mas quem sabe se não será com a nossa ajuda que de futuro, os Pinabikes comecem a “papar” Clássicas.

Abraços e boas pedaladas.

Anónimo disse...

Dimingo vamos ganhar aos Ciclomix, eles vão ver o que é andar sem internacionais

Anónimo disse...

tambem acho que ja é altura. quem é que eles vão contratar desta vez?

ROCHA disse...

Boas pessoal.
Domingo participei na clássica mais importante da minha vida,o nascimento da minha filha.
A Constança nasceu ás 14:47 de domingo com 2,900kgs,traz a cara do pai e o feitio da mãe eheheh.
Bom,agora é tentar recuperar os dias que tive parado e apurar a forma(seja ela fraca ou não).
Abraços e boas pedaladas.
Rocha

Ricardo Costa disse...

Muitos parabéns para o Rocha, papá babado! Boas mudas de fraldas e rápido regresso à estrada.

Morales, assim é que se fala! Boa sorte para o contra-relógio de domingo. A melhoria de forma que assinalas - através da adaptação do horário de saída de Loures - muito mais do que servir para ajudar a «equipa» nas clássicas, é importante para que se sintam condições para mais rapidamente possível começar a sair das bombas às... 8h30!

No próximo domingo, a local e hora de concentração para o treino de Montejunto são os seguintes: Alenquer (centro, junto aos parqueamentos) às 8h00. Para sair, o mais tardar, às 8h15.

Anónimo disse...

qual a equipa para o contra-relógio da ponte de rol/bicigal?

Anónimo disse...

se o freitas se mantiver como tem estado no domingo no montejunto recomendolhe a levar sapatos de btt para a levar a mão.