terça-feira, agosto 18, 2009

Crónica de A-dos-Loucos

A selectiva subida de A-dos-Loucos foi, naturalmente, o epicentro da tirada do último domingo, que ficou marcada, pela negativa, pela queda do Mário Fernandes, felizmente sem consequências graves. O acidente aconteceu já na fase final do percurso, em A-do-Barriga, no início da descida para Alverca, e envolveu o Steven, que conseguiu, com alguma sorte, evitar a queda. O mesmo não sucedeu ao Mário, que caiu para a berma, ficando com o joelho direito maltratado. Felizmente, não tão mal que não pudesse continuar. Voto de rápida recuperação ao “craque”, para que, no próximo domingo, já esteja apto a subir connosco... Montejunto.
À parte deste incidente, a jornada decorreu sem mais percalços a lamentar, mantendo a toada de contenção das últimas semanas na primeira fase do percurso, com indiscutível sucesso. A longa subida de Bucelas para a Venda do Pinheiro foi tranquila, com o pelotão a rolar quase sempre agrupado, contribuindo assim para proteger os que gastam mais energias quando a estrada empina. E para reforçar a unidade colectiva. A continuar!
No entanto, depois da Venda do Pinheiro, a caminho do Milharado, o ímpeto de alguns juntou-se ao terreno rompe-pernas para causar as primeiras fracturas no grande grupo, que só voltou a reunir-se na rotunda de Vale de S. Gião – respeitando o que estava estipulado. As excepções foram apenas o Ruben e o Rocha, por mero desconhecimento, mas que por não terem parado mais até A-dos-Loucos, fizeram toda ligação e – mais importante – a subida, sozinhos!
Na descida para Bucelas, o Freitas destacou-se do pelotão e passou no Cabeço da Rosa isolado. No enorme grupo perseguidor, até aí, resistiu-se à tentação de acelerar demasiado para preservar a coesão. No entanto, logo à entrada nessa subida (vertente da Romeira) os mais fortes impuseram-se. O Xico Aniceto foi o primeiro a forçar, ganhando alguns metros no primeiro sector da ascensão de 2 km, sempre controlado por um grupo restrito, que me incluía, ao Mário e ao Rui Torpes – ainda não tinha feito referência a este «ilustre» visitante propositadamente, porque pretendia remetê-la para quando chegasse o seu terreno de eleição: as subidas.
Todavia, quando estas faziam a primeira aparição teve de adiar a sua «exibição». A culpa foi minha, ou melhor, da minha máquina, cuja corrente caiu para o interior da pedaleira, deixando-me a seco porque o desviador, mal afinado, não a devolveu à sua posição original. Por isso, tive de parar em plena subida, e o Torpes foi solidário.
Descemos a toda a velocidade para Alverca, onde o restante grupo (Freitas incluído) aguardavam, para a abordagem colectiva a A-dos-Loucos. Mais uma vez como estava previsto, elogie-se!
Então, fez-se o capítulo mais importante da história da tirada. Na introdução, o primeiro a dar o mote, logo que as pendentes apontaram ao céu, foi o Freitas, a esticar à cabeça do enfileirado pelotão. O mais pronto na resposta foi o Xico Aniceto, que – segundo me pareceu – tinha ideias semelhantes, apenas se deixou antecipar. De qualquer modo, reagiu muito bem e contra-atacou em plena fase mais dura da subida, mas ainda antes dos dois terríveis ganchos. O Freitas voltou a insistir, mas o Xico queria comandar as operações... e contra-atacou!
Nestas andanças, eu procurava manter-me em jogo, esperando por momento mais favorável – ou seja, que as coisas acalmassem! Com o frenesim das primeiras centenas de metros, nem sequer tive «tempo» de me aperceber de quem (ainda) permanecia no grupo da frente, além dos elementos já referidos. Mas no final do segundo ataque e contra-ataque do duo Freitas/Xico, parte das minhas dúvidas ficaram esclarecidas: eis o Rui Torpes!
À primeira iniciativa, demonstrou que era... de outro campeonato. Saiu a sério, e de maneira a que os demais ficassem desde logo sem ilusões. A sua aceleração teve ainda o condão de começar a determinar a hierarquia no grupo, avaliada pela capacidade de reacção. Apercebi-me que era mais eficaz que os restantes, e quando o líder fez um compasso de espera (o primeiro, e porque quis!) consegui chegar-lhe à roda, alguns segundos antes do duo Xico e... Mário Fernandes. Este dispensa apresentações e a sua presença ali só poderia surpreender tendo em conta o facto de arrastar um lastro de 10 kg de massa corporal. Asseguro desde já que é o que ainda nos livra de começar a ver a sua roda... bem ao longe!
Mas ele já lá estava... Até que o Torpes, mal viu gente a mais, voltou a atacar. E então seleccionou definitivamente. O cenário que se seguiu foi igual ao da primeira aceleração. Apenas eu consegui chegar a sua roda, quando ele voltou a aliviar os pedais deliberadamente. Estávamos juntos à entrada da localidade (no empedrado) e assim nos mantivemos até ao final da subida, fazendo o último sector, mais suave, a boa velocidade em pedaleira grande.
O grande grupo surgiu, naturalmente, a conta-gotas. Logo a seguir, o Mário e o Freitas, que deve ter recuperado muito bem depois da fase mais dura da subida, como no ano passado. Estranhei a ausência do Xico, que afinal tinha parado algures porque o seu irmão partira a corrente. Não muito tempo depois chegou o Zé-Tó, confirmando a sua forma ascensional. Os mesmos elogios para o Salvador, Farinha, Steven e Nuno Garcia: este, outro a precisar de quilómetros para estar de novo a bater-se à frente.
Mas não só: homenagem a todos os que subiram – e participaram nesta volta –, incluindo «o» estreante que deve ter perdido preciosa energia só à conta das perguntas sobre tantas dúvidas que o assolaram durante a tirada. Ora sobre percurso, ora sobre o paradeiro do seu colega que desde muito cedo na tirada tentou insistentemente que o identificassem através do... capacete branco. Sem êxito, e sem surpresa.

Próximo domingo: Montejunto, por Pragança. O percurso e informações nos próximos dias.

3 comentários:

Anónimo disse...

Boas

Para quando uma voltita a rolar?
Isto ultimamente tem sido só subir, subir, subir!

Abraço pra todos

Anónimo disse...

Boa noite amigos , é sempre com prazer que leio as crónicas do nosso amigo e colega Ricardo.

Ricardo não me gabes tanto que fico todo babado hehe , faz-me lembrar a selecção nacional em que pára o país para homenagear a selecção e depois chegam lá na hora dificil e no primeiro ou segundo jogo já estão a vir para casa hehehe , estou a brincar!

Agora a sério , sim é verdade que quando estou com o peso ideal e em forma o terreno em que me sinto bem mais á vontade é em rampas e subidas longas e se tiverem desnível mais acentuado (tipo o Avenal) melhor , penso que temos características parecidas , sofro bastante nas subidas tal como todos os outros pois não sou diferente deles sou igual de carne e osso hehe , penso que a diferença de uns para os outros é a capacidade que cada um tem de treinar os limites máximos de duração e intensidade de esforço e sofrimento junto com os factores psicológicos e genéticos que cada um de nós tem. Neste momento ando bem é a descer mas cuidado com as bermas hehe.
Não querendo ser mal interpretado penso que também há muitos ciclistas com bastantes qualidades , mas essas qualidades nunca sobressaiem o suficiente para fazer a diferença porque simplesmente não treinam como deviam pois a relação -treino-quantidade-intensidade-descanso e recuperação e nutrição não são adequados ao seu tipo de perfil.

Em relação ao domingo passado o estreante de quem falas na verdade não é estreante porque já tinha vindo conosco no domingo passado na volta do Carvalhal , o senhor chama-se Carlos , é um amigo meu da Póvoa de Santa Iria que trouxe para ir conhecendo o grupo , ele estava preocupado porque também trouxe um amigo nosso e esse amigo não estava preparado pois não tem treinado há muito e não conhecia a Zona correndo o risco de ficar no meio dos montes com um empeno sem saber o caminho mais perto para casa.

No domingo vou ver se arranjo coragem para ir com vocÊs a Montejunto pois para mim não vai ser fácil subir aquilo.

Ricardo não leves a mal meter-me onde não devo mas convence o pessoal todo a esperar nas neutralizações ou se não quiserem parar a voltarem para trás á procura dos outros.

Abraço a todos

Mário Fernandes

Ricardo Costa disse...

De facto, as voltas das últimas semanas têm tido, pelo menos, uma subida exigente, e a das próximas duas, idem! Todavia, existem alguns motivos para que tal suceda:
1º. A fase nuclear da temporada que atravessamos, em que os níveis físicos são, em média, elevados, devido à natural acumulação de quilómetros desde o início do ano e/ou mais disponibilidade para treinar devido às férias. Por isso, é esta a altura da época em que se superam mais facilmente as dificuldades impostas pelo relevo e/ou pelo andamento, sendo lógico que concentre voltas com maior dificuldade.
2º. À maioria das pessoas poderá passar despercebida, mas, às tantas, na elaboração do calendário começa a ser difícil alternar percursos mais montanhosos com outros mais planos, sem que estes não se repitam, e várias vezes. Devido à topografia acidentada da nossa região é muito complicado, senão impossível, desenhar trajectos quase sempre planos sem passar pelos locais de sempre: EN10 e a lezíria ribatejana; a zona do Bombarral seria alternativa, mas a deslocação elevaria muito a distância da volta.
Por outro lado, não confundamos traçados montanhosos (como se costuma dizer, «muito a subir») com sobe e desce (típico da região) e com uma passagem por uma subida mais exigente. Como, por exemplo, a de domingo passado, de A-dos-Loucos. E se exceptuarmos a volta da Ericeira/Carvalhal, esta sim, com relevo bastante irregular e mais que uma subida «a sério», a últimas enquadram-se naquele género, que é típico da nossa região, insisto, e que mal ou bem, sem poder agradar a gregos e troianos, não podemos fugir sem andar semana sim, semana não, na Nacional 10 ou nas lezírias. Recordo, ainda, que as Cachoeiras teve um longo sector plano até à subida, e depois desta até final.
3º. O encadeamento de voltas acidentadas e com subidas mais longas e exigentes, que culminará nas próximas duas semanas, com Montejunto (Pragança) e a estreante subida ao Parque Eólico da Serra de S. Julião, na Carvoeira (final de uma das etapas do GP Joaquim Agostinho. Que aconselho a não perder!!), tem como finalidade a abordagem à Etapa da Serra da Estrela, no dia 6 de Setembro (cujo ascensão à Torres será, desta vez, por Manteigas, e cujas primeiras informações em breve serão divulgadas). De resto, creio que até final de Setembro é perfeitamente razoável manter elevado o grau de dificuldade das tiradas. Depois, sim, deverá aliviar-se, e deverá ser equacionada a alteração/substituição de algumas voltas «duras» por outras mais «rolantes», mesmo que repetindo as passagens referidas, a que não se pode fugir muito.