Segundo fim-de-semana do novo ano, segunda volta condicionada pelas condições climatéricas. Desta vez, ontem, estavam reunidos talvez os três elementos mais prejudiciais ao ciclismo, excluindo o calor intenso: chuva, baixas temperaturas e vento forte. Intempérie mais que suficiente para desaconselhar a saídas, mas não tanto para impedir que uma mão cheia de loucos – porque foi, de facto, desvario enfrentar a rigorosa invernia – se fizesse à estrada.
Eu fui um deles, e posso desde já reconhecer que a teimosia de pouco ou nada trouxe de proveitoso. Perante a ameaça do tempo – embora já fosse mais uma certeza... - retardei, ao máximo, o arranque matinal. Saí de casa já passavam das 8h00, e com isso pelo menos estava garantido um rápido aquecimento até Loures. Estrada molhada, frio, muito frio (4ºC), e vento... gélido. A chuva não demorou a cair. Arrependi-me imediatamente – mas entre a vontade de regressar a casa e o pensamento de «já que estás aqui, paciência», este pareceu-me mais lógico.
No MARL, liga-me o Jony. Estava a sair de casa e pelo adiantado da hora iria interceptar-nos na EN10. Pelo menos, a mim, porque não era, de todo, seguro que mais alguém partilhasse da mesma loucura. Mal desliguei, começaram os contratempos para... agravar. Um furo. Disse mal à vida, atrasado e friorento, mas a operação, para mim sempre arreliante, até decorreu mais rápida e facilmente que o habitual. O pior foi ter ficado, definitivamente, fora do horário do grupo. Por isso, continuei a carregar nos crenques e tive a sorte de interceptar os resistentes na rotunda do Infantado. Também eles relutantes às primeiras pedaladas. Eram: o Farinha, o Rui Torpes e mais dois companheiros conhecidos das andanças de finais do último ano.
Em quinteto, enfrentámos a chuva e o vento, ainda o frio não se fazia sentir da pior maneira: através da roupa molhada! Mas não demorou muito a que tal acontecesse.
No cruzamento de Frielas, chegou o Jony em sentido contrário. Por alguns minutos, a conversa aqueceu... até um pouco o ar frio. Todavia, em Sacavém, as luvas e os sapatos encharcados começavam a enregelar mãos e pés. O Torpes queixava-se, mas já não havia nada a fazer, a não ser pensar em abortar a missão! Salvava-se o andamento moderado, que até ali era adequado às condições do clima e da estrada.
Mas mudou. Na Bobadela, quando surgiram dois «Carb Boom», entre os quais, o Hugo. Deste, os cumprimentos rápidos (os possíveis face ao caos) e passagem à dianteira com súbita vivacidade. Iniciativa fora do comum, nele. Desde logo, um ritmo acima do recomendado para a ocasião. Talvez, o efeito do frio, pensei. Em dois momentos, deixámos abrir alguns metros para dar sinal ao «condutor», mas num e noutro a manobra não surtiu o efeito pretendido.
Na Póvoa, quase em casa, o Jony deu por terminada a função. E o segundo «Carb Boom» demorou mais algumas centenas de metros. O Rui Torpes não adiou por muito mais tempo igual decisão, e em Alverca, meteu-se em atalhos para um regresso à base que se antevia penoso face ao crescente desconforto.E eu, com a casinha ali tão perto, não podia desperdiçar a oportunidade de dar por concluída aquela – reforço! – loucura.
Foi o melhor que fiz, sem dúvida, interrompendo, logo ali, um estado que poderia descambar em hipotermia. Principalmente, nas mãos – cujos dedos já não sentia – e que se conservaram gelados (literalmente...) durante todo o dia. Quanto aos loucos – perdão, resistentes –, nada sei! Mas, na altura da minha rendição, o ritmo mantinha-se elevado, ou melhor, demasiado elevado para as circunstâncias. E não havia motivos que o justificasse. Pelo contrário!
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