Intensa, muito intensa, será a melhor definição da volta do último domingo. É o que inevitavelmente sucede quando se juntam muitas «trutas» no mesmo charco. Depois, as condições meteorológicas favoráveis e o terreno «parte-pernas» fazem o resto. Basta acender o rastilho... e a correria está lançada. Desta vez, bastante competitiva durante... bastante tempo.
Por isso, a exigência desta edição da Volta do Barril esteve ao nível das principais clássicas disputadas este ano. E atingiu patamares superiores a partir de Alcainça, quando ao bem recheado pelotão (até de algumas caras novas, como o camarada Gil) que arrancara em ritmo moderado de Loures (a subida de Freixeira foi excepção, para quebrar a monotonia), se juntaram «valores» como o de João Aldeano, Paulo Pais, Runa, Chico e Vaza.
Logo, não tardou a que o velocímetro se fixasse em números de competição, como no falso plano descendente da rotunda da Paz (Mafra) para a Ericeira. O Paulo Pais deu o mote, «metendo» o comboio a 50 por hora, após o que foi rendido pelo Filipe (a estrear a sua novíssima montada Cervélo) e definitivamente lançado, a velocidade de cruzeiro de respeito, pelo Aldeano.
O pelotão estirou-se e num ápice chegou ao cruzamento de Achada/Sto. Isidoro. Quem pensou que a descida traria calmaria, nem que fosse por precaução, enganou-se! A adrenalina estava em alta e já não havia maneira de a baixar. Quando se entrou, a matar, no acidentado sector de ligação entre Sto. Isidoro e Ribamar desde logo ficou garantido que começaria a «cavar-se» as primeiras diferenças. O Freitas fez o trabalho principal, carregando nos crenques no contínuo sobe-e-desce, e só saindo da frente quando os mais espigados (Aldeano, Jony, André e Runa) se fizeram ao sprint até ao último topo, no interior da localidade.
Aí, o primeiro percalço: com a correria, alguém perdeu... peças. Pareceu-me ver saltar uma bolsa de câmara-de-ar, impondo compasso de espera e o consequente alívio dos pedais. Ficou, então, por saber dos estragos que aconteceriam na rampa de S. Lourenço... se a coisa não parasse. Aliás, também foram as paragens – entre previstas e forçadas – que marcaram a tirada, cortando algum ritmo. Logo a seguir, quando já se voltava a embalar, eis outra: o Chico parte a corrente.
Assim, até S. Pedro da Cadeira a toada foi morna, uma espécie de recuperação activa. Mas aqui voltou a aquecer. O Freitas parecia ter intenções de meter o pelotão em sentido e forçou o andamento à frente, em parceria com o Aldeano. Se o ritmo na subida de S. Pedro emudeceu o grande grupo, na ascensão para a Encarnação foram as respirações ofegantes que passaram a ouvir-se. Não sei se terá sido esse o objectivo, mas seria excelente andamento/trabalho para preparar a Picanceira.
E parecia confirmar-se (esse objectivo) na abordagem à Picanceira, com o Freitas a assumir as despesas, dizendo-me para me «esconder» na sua roda. No entanto, não retirando mérito às suas boas intenções e esforço, o andamento foi muito baixo naquela fase, a mais dura da subida, para me beneficiar. De qualquer modo, decidi temporizar ao seu lado. Mas logo que passámos as casas da Picanceira, e a pendente suavizou, o André atacou e eu respondi. Quando se apercebeu que vinha na sua roda, fez o habitual: tirou! Nesse preciso momento, o Aldeano decidiu acelerar de trás, passando directo, a todo o gás. O André agarrou-lhe bem a roda, mas eu fiquei a patinar! Tive-os durante algum tempo a cerca de 5 metros, sem conseguir fechar. Ainda esperei que o Aldeano pudesse aliviar (mesmo ligeiramente, chegava lá... pois o André certamente não o renderia), mas ele estava muito forte. Por isso, remeti-me a limitar os prejuízos, reparando que mais elementos estavam a chegar de trás. Primeiro o Filipe e o Runa; pouco mais tarde, o Paulo Pais. Atitude curiosa, a do Runa, que ao chegar à minha roda, tentou deixar-me... lá. Mais estranha, uma vez que o objectivo prioritário deveria ser o de alcançar os dois fugitivos – que não estavam a mais de 100 metros. E quando a sua intenção (a do Runa) fracassou, não foi tão colaborante como se exigiria. Aliás, como o próprio Filipe. Talvez ainda estivessem a recuperar o fôlego. Tentei puxar por eles, pois deveríamos ser mais ambiciosos...
Atitude distinta (e correcta!) teve o Paulo Pais, que logo que pôde passou a conduzir a perseguição, aumentando o ritmo na descida, que tentei não deixar cair quando entrámos na rampa para a rotunda nova da Barreiralva (final da subida, não o final do sector). Nos últimos 200 metros, o Filipe saiu de esticão, bastante forte, sem dúvida pensando que terminaria ali, na rotunda. Como é de tradição, só se pára na Murgueira, para a merecida Coca-Cola. Os dois homens da frente fizeram o mesmo, e assim a perseguição terminou abruptamente.
Resta dizer que, naquele ponto, a vantagem era equivalente a meia volta à rotunda, pouco mais de 10 segundos. Todavia, isso não significaria... fim de fuga! Pelo contrário, mesmo sem ajuda do André, o Aldeano demonstrava ser capaz de levar aquele esforço mais muito longe, quiçá até à Murgueira. E demonstrou-o bem, depois, ao liderar a elevado ritmo o sexteto nos últimos quilómetros, depois de eu ter feito os primeiros após a rotunda. Mas um pouco mais... devagarinho.
Muito boa conta de si deram dois dos estreantes – equipados à Maia e Comunidade Valenciana, um deles, creio, o Gil – que não demoraram mais de 30 segundos. A maioria dos demais, chegou com mais atraso.
A segunda parte (a final) da jornada travou-se nas rampas de Vila Franca do Rosário para a Malveira, após nova passagem de (re)aquecimento no Gradil. No início da subida meti o andamento, mas o Aldeano não estava para concessões e endureceu o ritmo ainda antes do gancho, onde começam as maiores inclinações. O grupo da frente, composto por não mais de dez elementos, cerrou fileiras na roda. O André foi o único a arriscar e voltou a mexer, mas a reacção dos restantes foi pronta e eficaz. Logo a seguir, foi o Chico, mesmo sem um elo da corrente (!), que não se intimidou e também passou pela frente. Mas com o encadeamento rápido do Vale da Guarda ficou sem... combustível. O Aldeano voltou à frente e forçou até ao topo, mas sem que se perdessem mais elementos do grupo.
Logo que se «picou» para a curta descida do Vale da Guarda, o Paulo Pais fez uma movimentação ao seu estilo, tentando surpreender. Saltei para a sua roda e quando mais tarde ele saiu para o lado, tentei não deixar cair muito o ritmo. Todavia, quando foi a minha vez de (dever!) ser rendido, ninguém o fez... Só na aproximação da rampa final para a rotunda da Malveira, o Aldeano (sempre ele...) voltou a assumir o comando até ao sprint final, em que o Jony se superiorizou com facilidade, fazendo valer a sua capacidade de explosão. Foi seguido pelo Aldeano, que demonstrou estar em boa forma; e depois o André, eu, o Freitas, o Filipe e o Paulo Pais – a composição do pequeno grupo que restou...
No próximo domingo, Clássica de Fátima
Distância: 130 km
Hora de partida: 8h00
Importante: os interessados em garantir transporte de regresso (autocarro) devem contactar o Pina (loja Pina Bike, em Loures)
4 comentários:
Foi realmente uma boa experiencia andar novamente em pelotão, e sofrer como não sofria à 17 anos em cima de uma bicicleta ( até dava ideia que algumas tinham motor). Ficou por conhecer o ciclomano Vasa, outro grande impulsionador deste maravilhoso desporto.
Aproveito para mandar um abraço ao Nuno Calado, que já não vejo desde os tempos do Centro de ciclismo de carnide.
Ps.
Ciclomano equipado á comunidade valenciana.
Boas Ricardo Costa
Antes de mais tenho que retificar alguns equivocos.
Ora bem o Gil não é o da comunidade valenciana esse é o Carlos Gomes eu era o da High Road e o outro camarada o Lopes era o mais alto do nosso grupo, que somos 3,acho que a confusão está desfeita.
Tanto eu como o Lopes estamos uns furos bem abaixo do vosso ritmo, agora o Carlos Gomes está noutro patamar.
Por estarmos sem ritmo é que cortamos caminho(eu e Lopes)e depois viemos a dar com voçês já em plena subida da Picanceira.Na do Gradil ficamos novamente para traz mas depois na subida para a Malveira tive a preciosa ajuda do Vaza senão estou em erro penso que era ele.
No geral foi um bom passeio foi penao é não ter visto a guerra na subida..lol..
Por estar em tão má forma esta semana resolvi dar umas voltinhas ao final de tarde coisa que nunca fiz e hoje apanhei o João Santos(Jony o explosivo)no treino ali perto de Bucelas e lá fomos os dois a conversar e a treinar.Bom camarada.
Para domingo secalhar fazemos a volta ate Alenquer com voçes.
Abraço
Equívocos desfeitos, camaradas! e facto, o Carlos Gomes (C. Valenciana) esteve muitíssimo bem. Esteve entre os mais rápidos, tal como o duatleta (equipado à Maia), que já conhecia de passagem num ou outro cruzamento da tão «batida» variante de Vialonga.
Gil (High Road) e o seu colega alto (Caisse D'Espargne) fizeram bem em atalhar caminho. Aliás, foi esse o conselho que dei, na semana passada, em resposta ao comentário do primeiro neste blog.
Após este balanço extremamente positivo, em minha opinião, deixo-vos o repto: apareçam mais vezes! Pois serão sempre bem-vindos.
P.S. Gil, na próxima domingo vamos para Fátima, não para Alenquer. Porventura, deves estar a referir-te ao fim-de-semana seguinte.
Abraço e bons treinos
Em relação ao passeio deste Domingo eu sei que o passeio é a classica de Fátima mas eu e os meus camaradas como não vamos fazer esse passeio todo secalhar fazemos com voçês o passeio até Alenquer e depois vamos á nossa vida que é como quem diz vimos por Torres Vedras e depois 2 portos.Aproveitamos a vossa companhia até Alenquer.
Um Abraço até Domingo
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