quinta-feira, novembro 24, 2005

O bom sofrimento!

Ainda no seguimento dos episódios de treino com o Nando que relatei, embora seja redundante dizê-lo, não é demais sublinhar que o ciclismo é uma modalidade em que a performance está estreitamente ligada à capacidade de sofrimento e ao desafio dos limites físicos do ser humano. Mesmo ao «nosso» nível, essa componente está muito presente. Por exemplo, quando são os outros a colocarem-nos sobre essa pressão, mesmo para quem, como eu, nunca competiu «oficialmente».
Neste particular, houve situações, com alguns distintos elementos, que me obrigaram a suar as estopinhas, a ir buscar o que provavelmente nem sabia que tinha para dar, só para não… ficar para trás. E como, às vezes, isso custa! Um nome que me vem logo à cabeça é o do Hélder – que penso que todos conhecem, um atleta federado, o que diz quase tudo sobre os seus índices físicos.
Há dois anos, em meados de Março, na tradicional volta de Torres, fez-me passar as passinhas do Algarve na subida de Vila Franca do Rosário para a Malveira. Errei ao tentar-me manter ao seu lado, e não na roda – aprendi desde logo que isso não se faz com este senhor, porque é daqueles que se dá mal se alguém tenta dar-lhe o braço, por isso acelera sempre mais um pouco. Outra característica do Hélder (esmagadora do ponto de vista psicológico) é a mania de, nestas ocasiões, perguntar constantemente se o outro vai bem. Ao início ainda tentei guardar o jogo, mas na esperança de alguma clemência, acabei por reconhecer que já tinha ido melhor. Então, o homem não é que me sugere que meta rotação e beba água! O Marco (de Caneças), que completava o trio, revelou mais tarde que se tinha apercebido que eu ia em muito mau estado. «Eu vi, tinhas o suor a subir pela cara». «A subir», disse bem, não a descer!
Mais recentemente, em meados de Junho, naquela pequena subida da Ota – penso que a maioria do grupo se recorda – quando o Nuno se passou e meteu um ritmo arrasador. Foi daquelas correrias em que a paisagem se esbate.
Outra foi na Serra da Estrela, também este ano, para acompanhar o andamento imposto pelo Miguel na zona do Sanatório. Em determinados pontos em que ele acelerou procurando claramente causar a ruptura, ainda cheguei a ponderar dar-lhe algum espaço e esperar por uma zona mais «doce», que vem logo a seguir. Mas foi daquelas vezes em que se resiste sempre mais um bocadinho… Deixá-lo ir (e ao Nuno?) teria consequências imprevisíveis.
Ainda este ano, mas devidas ao cansaço, foram os empenos na subida dos Lagos de Covadonga, principalmente depois da terrível Huesera, e os três últimos quilómetros do Col d’Aubisque, na Etapa do Tour. A sensação do «nunca mais acaba».
Isto quando sofrer vale a pena! Porque do que não vale a pena teria muito mais para dizer…

9 comentários:

Ricardo Costa disse...

Para mim, hoje é o dia zero do início da preparação para a temporada 2006.
Treino matinal, de três horinhas, higiénico, em alta cadência e baixa intensidade. Uma voltinha saloia.
Amanhã (sábado): ir a Azambuja e voltar, sempre a rolar pela lezíria ribatejana. Tranquilamente. Aceitam-se inscrições neste blog. Ponto de encontro: 8h30 - no Café Golo, cruzamento do Tojal.
O João Pedro e o Pedro já confirmaram a presença.

Anónimo disse...

E eu que o diga, mas espero ete ano de os ver com a lingua nos raios aos dois com o devido respeito.
Preparen-se nasce uma nova estrela

Anónimo disse...

E eu também , confirmado

Anónimo disse...

Muito boa tarde rapaziada, peço desde já desculpa por vir quebrar a paz e tranquilidade deste Blogge, mas sendo hoje 6ª feira há que animar a “festa”!
E isto porque tenho noticias e das boas para o nosso amigo L-Glutamina, são ainda relativas ao “caso Armstrong”, é que segundo o jornal L’equipe, e passo a citar:
- …“ele” não tomava aspirinas para a dor de cabeça! estas eram somente para ajudar a diluir o sangue após as transfusões sanguíneas ou a tomada de doses “cavalares” de 10.000 unidades de EPO, que faziam parte dos seus tratamentos diários.

Um óptimo fim de semana!
E bons treinos!

Museeuw

Anónimo disse...

Museeuw,
Com ou sem doses cavalares, vê lá mas é se tens "coragem" de te apresentares às 8:30' na BP devidamente equipado com roupa de cerimónia, em jeito de quem vai tomar parte no acto solene de levar 1 grande "arraial de porrada" a tentar seguir "as motas"...

1ab,
ZT

Anónimo disse...

Museeuw, sobre a alegada dopagem do Armstrong, só tenho a dizer que os jornais Ingleses disseram que o Cristiano Ronaldo violou uma mulher, os jornais portugueses disseram que o Paulo Pedroso é pedófilo e os jornais americanos dizem que há vida noutros planetas.
Eu também posso dizer que tu assaltaste um banco e que na tua família há membros da Al qaeda.
É tudo uma questão de imaginação.
Até haver provas, só acredita quem quer.

Entretanto, e mudando de assunto, subscrevo o desafio do ZT: Se os tens no lugar, aparece no domingo.

L-Glutamina - Over and Out

Anónimo disse...

L-Glutamina,
Talvez ele os tenha no lugar, o problema é que com o tamanho da "barrigana", já não os vê!!!

ZT

Ricardo Costa disse...

Museeuw, eu até reconheço que possas nutrir pelo Armstrong um ódio visceral, pois todos os motivos são válidos para tal, mas faz o favor de nos poupares a citações tendenciosas do ex-jornal desportivo mais prestigiado do Mundo. Esse pasquim francês nojento deu-me a maior desilusão dos últimos tempo a nível de Imprensa escrita, servindo de voz do inimigo, entenda-se, organização do Tour. Isto para te dizer que, embora em questões de doping não coloque as mãos no fogo por nenhum desportista de alta-competição, a verdade é que o prevalece deste caso é um claro jogo de interesses em torno da imagem de Armstrong como mito inabalável do Tour, um yankee arrogante venerável, que importa denegrir.
Como tal, até culpa formada e consequente julgamento e sentença de culpabilidade, presume-se a inocência, como em qualquer Estado de Direito. Para já, fica o supercampeão - aquele a quem qualquer praticante mais empenhado de ciclismo deve ter como exemplo de perserverança e classe como base do êxito, tanto no desporto, como na vida - e nesta não há EPO que potencie.

E toca a aparecer aos domingos!

Anónimo disse...

Heras acusa positivo na contra- análise!
Mais um caso triste na nossa modalidade.

Ricardo, apesar do L'equipe estar a soldo do inimigo e de neste caso não se ter mostrado imparcial (até porque o dono do jornal é a ASO, a organização do Tour), continua a ser o melhor jornal mundial desportivo e a Bíblia do ciclismo.

Museeuw, aparece!
Uma curiosidade. Johan Museeuw (o outro), foi acusado, julgado e considerado culpado de tráfico de esteróides e apanhou uma pena de dois anos. A maior estrela do ciclismo belga, após Eddie Merckx e antes de Tom Boonem, também saiu chamuscada.

Jean Marie Leblanc