Ainda no seguimento dos episódios de treino com o Nando que relatei, embora seja redundante dizê-lo, não é demais sublinhar que o ciclismo é uma modalidade em que a performance está estreitamente ligada à capacidade de sofrimento e ao desafio dos limites físicos do ser humano. Mesmo ao «nosso» nível, essa componente está muito presente. Por exemplo, quando são os outros a colocarem-nos sobre essa pressão, mesmo para quem, como eu, nunca competiu «oficialmente».
Neste particular, houve situações, com alguns distintos elementos, que me obrigaram a suar as estopinhas, a ir buscar o que provavelmente nem sabia que tinha para dar, só para não… ficar para trás. E como, às vezes, isso custa! Um nome que me vem logo à cabeça é o do Hélder – que penso que todos conhecem, um atleta federado, o que diz quase tudo sobre os seus índices físicos.
Há dois anos, em meados de Março, na tradicional volta de Torres, fez-me passar as passinhas do Algarve na subida de Vila Franca do Rosário para a Malveira. Errei ao tentar-me manter ao seu lado, e não na roda – aprendi desde logo que isso não se faz com este senhor, porque é daqueles que se dá mal se alguém tenta dar-lhe o braço, por isso acelera sempre mais um pouco. Outra característica do Hélder (esmagadora do ponto de vista psicológico) é a mania de, nestas ocasiões, perguntar constantemente se o outro vai bem. Ao início ainda tentei guardar o jogo, mas na esperança de alguma clemência, acabei por reconhecer que já tinha ido melhor. Então, o homem não é que me sugere que meta rotação e beba água! O Marco (de Caneças), que completava o trio, revelou mais tarde que se tinha apercebido que eu ia em muito mau estado. «Eu vi, tinhas o suor a subir pela cara». «A subir», disse bem, não a descer!
Mais recentemente, em meados de Junho, naquela pequena subida da Ota – penso que a maioria do grupo se recorda – quando o Nuno se passou e meteu um ritmo arrasador. Foi daquelas correrias em que a paisagem se esbate.
Outra foi na Serra da Estrela, também este ano, para acompanhar o andamento imposto pelo Miguel na zona do Sanatório. Em determinados pontos em que ele acelerou procurando claramente causar a ruptura, ainda cheguei a ponderar dar-lhe algum espaço e esperar por uma zona mais «doce», que vem logo a seguir. Mas foi daquelas vezes em que se resiste sempre mais um bocadinho… Deixá-lo ir (e ao Nuno?) teria consequências imprevisíveis.
Ainda este ano, mas devidas ao cansaço, foram os empenos na subida dos Lagos de Covadonga, principalmente depois da terrível Huesera, e os três últimos quilómetros do Col d’Aubisque, na Etapa do Tour. A sensação do «nunca mais acaba».
Isto quando sofrer vale a pena! Porque do que não vale a pena teria muito mais para dizer…
9 comentários:
Para mim, hoje é o dia zero do início da preparação para a temporada 2006.
Treino matinal, de três horinhas, higiénico, em alta cadência e baixa intensidade. Uma voltinha saloia.
Amanhã (sábado): ir a Azambuja e voltar, sempre a rolar pela lezíria ribatejana. Tranquilamente. Aceitam-se inscrições neste blog. Ponto de encontro: 8h30 - no Café Golo, cruzamento do Tojal.
O João Pedro e o Pedro já confirmaram a presença.
E eu que o diga, mas espero ete ano de os ver com a lingua nos raios aos dois com o devido respeito.
Preparen-se nasce uma nova estrela
E eu também , confirmado
Muito boa tarde rapaziada, peço desde já desculpa por vir quebrar a paz e tranquilidade deste Blogge, mas sendo hoje 6ª feira há que animar a “festa”!
E isto porque tenho noticias e das boas para o nosso amigo L-Glutamina, são ainda relativas ao “caso Armstrong”, é que segundo o jornal L’equipe, e passo a citar:
- …“ele” não tomava aspirinas para a dor de cabeça! estas eram somente para ajudar a diluir o sangue após as transfusões sanguíneas ou a tomada de doses “cavalares” de 10.000 unidades de EPO, que faziam parte dos seus tratamentos diários.
Um óptimo fim de semana!
E bons treinos!
Museeuw
Museeuw,
Com ou sem doses cavalares, vê lá mas é se tens "coragem" de te apresentares às 8:30' na BP devidamente equipado com roupa de cerimónia, em jeito de quem vai tomar parte no acto solene de levar 1 grande "arraial de porrada" a tentar seguir "as motas"...
1ab,
ZT
Museeuw, sobre a alegada dopagem do Armstrong, só tenho a dizer que os jornais Ingleses disseram que o Cristiano Ronaldo violou uma mulher, os jornais portugueses disseram que o Paulo Pedroso é pedófilo e os jornais americanos dizem que há vida noutros planetas.
Eu também posso dizer que tu assaltaste um banco e que na tua família há membros da Al qaeda.
É tudo uma questão de imaginação.
Até haver provas, só acredita quem quer.
Entretanto, e mudando de assunto, subscrevo o desafio do ZT: Se os tens no lugar, aparece no domingo.
L-Glutamina - Over and Out
L-Glutamina,
Talvez ele os tenha no lugar, o problema é que com o tamanho da "barrigana", já não os vê!!!
ZT
Museeuw, eu até reconheço que possas nutrir pelo Armstrong um ódio visceral, pois todos os motivos são válidos para tal, mas faz o favor de nos poupares a citações tendenciosas do ex-jornal desportivo mais prestigiado do Mundo. Esse pasquim francês nojento deu-me a maior desilusão dos últimos tempo a nível de Imprensa escrita, servindo de voz do inimigo, entenda-se, organização do Tour. Isto para te dizer que, embora em questões de doping não coloque as mãos no fogo por nenhum desportista de alta-competição, a verdade é que o prevalece deste caso é um claro jogo de interesses em torno da imagem de Armstrong como mito inabalável do Tour, um yankee arrogante venerável, que importa denegrir.
Como tal, até culpa formada e consequente julgamento e sentença de culpabilidade, presume-se a inocência, como em qualquer Estado de Direito. Para já, fica o supercampeão - aquele a quem qualquer praticante mais empenhado de ciclismo deve ter como exemplo de perserverança e classe como base do êxito, tanto no desporto, como na vida - e nesta não há EPO que potencie.
E toca a aparecer aos domingos!
Heras acusa positivo na contra- análise!
Mais um caso triste na nossa modalidade.
Ricardo, apesar do L'equipe estar a soldo do inimigo e de neste caso não se ter mostrado imparcial (até porque o dono do jornal é a ASO, a organização do Tour), continua a ser o melhor jornal mundial desportivo e a Bíblia do ciclismo.
Museeuw, aparece!
Uma curiosidade. Johan Museeuw (o outro), foi acusado, julgado e considerado culpado de tráfico de esteróides e apanhou uma pena de dois anos. A maior estrela do ciclismo belga, após Eddie Merckx e antes de Tom Boonem, também saiu chamuscada.
Jean Marie Leblanc
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