terça-feira, agosto 01, 2006

Regresso com recordes...

O regresso às voltas domingueiras depois de duas semanas completas de inactividade foi como se esperava: sofrido. Durante este período de férias diluiu-se o apuro de forma que culminou no passado dia 10 de Julho, na Etapa do Tour, e por isso o choque com a «realidade» competitiva do grupo Pina Bike teve efeitos previsíveis no desempenho e no corpo.
De qualquer maneira, ao início da manhã do último domingo resolvi fazer o percurso entre Alverca e Loures à moda antiga, de bicicleta, aproveitando para aferir o estado do físico, evitando fazê-lo em plena volta – se optasse, como seria recomendável, por ir de carro até ao local da concentração. Embora não sentisse as pernas muito presas, as pulsações eram incontroláveis, pronuncio de grandes atrocidades nas horas seguintes. Ao ponto de me assolar a ideia de poder ser dia de empeno, e daqueles valentes.
Pelos menos, foi de recordes, mesmo que sem serem propriamente gloriosos. O recorde da pulsação média (158) e de pulsação máxima (200). A barreira psicológica (ou será mais física…) foi quebrada!
Mas apesar destes números alucinantes, a verdade é que passei ao lado de um castigo demasiado severo para os músculos. Os mais puristas podem crer que cientificamente não terá sido a abordagem recomendável ao regresso à actividade, mas digo-lhes que foi, sem dúvida, a que deliberadamente pretendi. Aliás, depois de sete meses «amarrado» a um programa de preparação com vista a objectivos específicos espaçados no tempo, chegou a hora de dar largas…
Para mais, a volta foi muito interessante e bem disputada. Tratou-se da Clássica da Carnota, que, pelos visto, foi a mais suave dos últimos 15 dias, em que os meus camaradas aproveitaram a minha ausência para andar em terreno de trepadores. Não é justo, digo eu!
A saída de Loures em direcção a Alverca, onde se enfrentou a subida de A-do-Barriga, foi bastante moderado. Mais para os outros, certamente, porque eu raramente baixei das 150 bpm. Na subida deixei mesmo de olhar para o pulsómetro para me concentrar nas sensações, que, de resto, foram bastante melhores do que em ocasiões semelhantes – e por isso o andamento não tivesse sido tão difícil de aguentar e o esforço não tido efeitos tão nefastos.
O Durão do Freitas aguentou muito bem o «tranco» no pelotão na subida quando o sempre empertigado Hélder se adiantou, mantendo um passo que permitiu não perder o fugitivo de vista e não causar grandes mossas no grupo perseguidor. O ritmo moderado, aliás, manteve-se na descida para Alhandra e depois em direcção ao Carregado e a Cadafais, onde começou a segunda dificuldade do dia: a subida para Santana da Carnota.
Também aqui, o Durão não se fez rogado a dar o peito ao vento na condução do grupo e assim continuou quando o Hélder voltou a acelerar, desta vez levando na roda o Carlos e o João. Agora, a perseguição tinha de ser mais efectiva do que em A-do-Barriga, sempre com o Freitas a fazer as despesas ao longo do falso plano ascendente antes da subida propriamente dita – os últimos 3 km.
A distância para os três fugitivos manteve-se estabilizada mas, às tantas, afigurava-se difícil de anular antes da subida. Na frente, o Hélder não cedia e parecia dispensar a ajuda dos seus companheiros de fuga.
Então resolvi dar uma mãozinha ao voluntarioso Durão. Um trabalho de gregário, perceba-se. Mesmo com o coração na garganta, as pernas ainda tinham alguma coisa para dar. A cerca de um quilómetro da Carnota disse-lhe para suster um pouco o andamento, permitindo-me colocar-me à frente do pelotão à entrada da subida – numa altura em que, entre os fugitivos, o Carlos fazia a primeira mudança de ritmo e o João cedia.
Lá atrás, meti o passo possível para anular a fuga antes do alto, permitindo ao Durão «encostar». O objectivo foi concretizado ainda a cerca de 1 km do cume, altura em que as minhas forças chegaram ao limite. Ainda tive oportunidade de observar mais uma mudança de velocidade do Carlos, a que não foi fácil responder, mas penso que o trio chegou junto ao alto. O João recuperou muito bem após o momento de fraqueza no início da subida e passou por mim em bom andamento.
A partir da daqui, e com pouco mais de metade do percurso realizado, não voltou a haver grandes correrias, a não ser um sprint vigoroso no Forte do Alqueidão (o Hélder foi adversário duro de roer para o… Durão) e depois, muito mais tarde, na rampa do depósito de rações, à chegada a Bucelas. Também aqui, o betetista apertou o nosso «sprintoso», que está quase ao ponto para a «Pedro Delgado».
Para mim, depois de Bucelas a «solo» no regresso a Alverca, o Cabeço da Rosa não foi tão mau como se antevia. Agora é recuperar para adquirir paulatinamente uma forma…decente!
Tanto mais, que este ano a tradicional etapa da Serra da Estrela, em meados de Setembro, tem muitas novidades e promete ser ainda mais interessante. A revelar em breve!

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